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O Vodu, como religião, foi oficializada pelo governo do Haiti e é praticada nacionalmente. Seus rituais lembram a umbanda e o candomblé brasileiros.
Em meio à situação de catástrofe humanitária vivida pelos haitianos após o terremoto que devastou o país há pouco tempo atrás, o cônsul do Haiti em São Paulo foi pego numa declaração dizendo que toda aquela tragédia era culpa de uma “maldição” feita “pelos africanos que moram lá”.
Tentando associar a “maldição” à “macumba”, George Samuel Antoine quis dizer basicamente que o terremoto foi culpa do vodu - religião amplamente praticada pelos cidadãos do país.
No dia seguinte, o cônsul pediu desculpas pelos comentários e ainda disse que a “desgraça de lá” estava sendo “boa pra gente aqui”…
Mas o “flagra”, segundo analistas entrevistados pela rede Globo de TV, mostra um preconceito que há muitos anos domina a elite ocidental de maneira geral: a visão de que o vodu é uma crença primitiva e de que seria responsável pelo atraso social e até econômico do Haiti.
A religião vodu existe antes mesmo da criação do Haiti: uma versão amplamente aceita da história da independência do Haiti, em 1804, conta que a revolta dos negros teve origem em um ritual de vodu.
“O vodu é central na história haitiana e atinge a maior parte da população”, explica o antropólogo e professor do programa de pós-graduação em antropologia social da UFRJ, Federico Neiburg.
Segundo ele, a religião foi construída nas Américas por escravos (como o candomblé no Brasil) e mistura elementos de cultos africanos com o cristianismo. Há entidades que são associadas com santos e datas festivas católicas que são celebradas pelos praticantes do vodu.
“Junto com o vodu, surge uma língua, que é o crioulo, que também é uma mistura.”
Apesar de o vodu estar profundamente atrelado à tradição e aos valores nacionais, houve, durante muitos anos, uma perseguição aos seus praticantes no Haiti:
“A elite haitiana, que fez a revolução, olhava mais para a França do que para a África. Esse olhar fez com que, durante quase um século, até o início do século XX, a elite haitiana tivesse uma relação paradoxal: rejeitavam o vodu, embora muitos integrantes conhecessem e até praticassem a religião. Eles colocavam a prática como a causa do atraso da nação. Isso começou a mudar na década de 1920 e 1930, no contexto da ocupação norte-americana do país. Essa ocupação (de 1915 a 1934) produziu na elite um sentimento nacionalista e uma volta do olhar para a África”, explica o professor Neiburg.
O vodu ainda sofreria um outro revés, em 1940, quando houve uma campanha contra a prática no país.
A religião só foi reconhecida oficialmente pelo Estado com a promulgação da Constituição de 1987, que também reconheceu o crioulo como um dos idiomas oficiais do país.
Segundo a cientista social e doutoranda em antropologia Flávia Dalmaso, que esteve no país presenciando cerimônias de vodu, a iniciação é feita com dança, comida e incorporação de espíritos. Mas isso tudo depois que o iniciado passa uma semana no “oufo”, que é local do culto.
Os casamentos, que são realizados entre pessoas e espíritos, também são celebrados geralmente com dança e comida.
Na cerimônia presenciada por Flávia, um homem se casou com um espírito que havia solicitado o matrimônio: “a pessoa que encarnou o espírito usou um vestido de cetim azul, que era a cor preferida da entidade, e o noivo estava de branco”.
Flávia disse que as cerimônias variam, mas que geralmente quem realiza o matrimônio é um “père” (pessoas que fizeram o seminário católico, mas não chegaram a ser padres). Eles se vestem como padres católicos, leem preces e jogam água benta: “é uma figura muito importante no vodu. Estão presentes na iniciação, nas novenas e realizam casamentos”, explica ela.
Após se casar com um espírito, o praticante deve respeitar seu desejo e passar um dos dias da semana sozinho, sem sair com ninguém.
As cerimônias de vodu haitiano têm música e dança: as mulheres geralmente usam lenços na cabeça e dançam descalças.
De acordo com o antropólogo José Renato Baptista, que está terminando o doutorado sobre o vodu e ficou um ano e meio no Haiti, algumas danças são muito sensuais, valorizando o movimento dos ombros e dos quadris: “as cerimônias são marcadas pelo ritmo, é uma música forte, muito interessante, agitada, tocada normalmente por três ou mais tambores, mais ou menos como o nosso candomblé”, explica ele.
Já a questão da possessão, segundo ele: “é um grande mistério! É uma discussão profunda: partimos do pressuposto de que aquela experiência se baseia numa verdade vivida por aquelas pessoas”.
A possessão ocorre em situações específicas e, segundo José Renato, é parte fundamental da religião à medida que é uma forma de contato privilegiado com as divindades.
O chefe religioso é o “ougan” - equivalente ao nosso pai de santo. O equivalente feminino ao ougan é o “mambo”. São eles que percebem a presença das entidades – os “loan”.
Isso pode acontecer por cartas ou por pessoas que passam por crises pessoais.
“Essa relação com os loan pressupõe uma relação com ancestrais ou uma relação mítica. O pressuposto fundamental é servir a uma divindade. Muitas vezes esse loan é uma herança familiar, um ancestral que se manifesta, que vem para ajudar ou cuidar de seus parentes. A formação do vodu tem muito a ver com essa ideia do culto aos ancestrais”, explica o José Renato Baptista.
Diferentemente das religiões de origem africana praticadas no Brasil, no vodu haitiano o sacrifício animal é realizado publicamente: o animal é morto, seu sangue é utilizado em determinadas ações rituais e depois a carne é preparada e servida como comida na cerimônia. O sacrifício é realizado como uma oferenda para as divindades.
A simbologia do zumbi é muito conhecida no Ocidente, principalmente por terem sido imortalizados no cinema, em filmes como “The White Zombies” (de Victor Halperin, 1932) e “A Noite dos Mortos Vivos” (dirigido por George Romero, em 1968).
O zumbi seria uma pessoa que ingere uma substância, tem uma morte aparente e, depois de enterrada, é tirada do túmulo e fica num estado letárgico sob os comandos de alguém.
Segundo José Renato, o zumbi é, antes de tudo, um escravo: “existe todo um mito em torno das ideias de envenenamento, de utilização de magia no Haiti. Há um preconceito construído em torno disso. Eu vivi um ano e meio no país e nunca vi um zumbi. Muitas vezes, quando alguém fala de zumbi, pode ser uma pessoa abandonada pela família, há casos de pessoas que perdem a memória e essa pessoa pode ser apropriada como um empregado não remunerado. Há uma mística em torno da figura, mas eu não duvido que exista”.
Segundo ele, no norte do país, nas plantações de cana, fala-se que a riqueza de certos fazendeiros advêm de terem muitos zumbis trabalhando: “a ideia da mão-de-obra escrava tem muito a ver com isso, é preciso contextualizar”, explica José Renato.
Como podemos ver, o vodu tem muito do espiritismo e macumba praticados no Brasil e em muitos países africanos.
A refutação bíblica para todas estas práticas é a mesma para todas essas práticas das trevas: não somos nós que condenamos ninguém, mas para quem gosta e quiser saber a verdade é só examinar as Escrituras… agora, para quem “gosta” de se enganar e chamar isto de “cultura”, nada podemos fazer a não ser clamar a Deus pelo povo haitiano.