29 de dez. de 2011

batalhaespiritualgladius
Continuação da postagem anterior.
3 — O MÉTODO BÍBLICO DE BATALHA ESPIRITUAL
Como se deve guerrear contra o inimigo?
Quais são as armas disponíveis?
As Escrituras nos dão o método de combate que deve ser seguido se quisermos ter, realmente, vitória contra as força demoníacas.
A seguir veremos as armas de ataque que estão à nossa disposição.
3.1 — AS ARMAS DE ATAQUE
3.1.1 — A Pregação do Evangelho
Eis uma arma eficaz contra o inimigo: a pregação da verdade!
“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10:13-17)
Diante desta maravilhosa declaração do apóstolo Paulo, pode-se chegar à conclusão que a pregação do Evangelho é poderosa, por si só, para salvar o perdido. A fé vem pela pregação da Palavra de Deus e não através de “orações de guerra”.
Champlin comenta sobre este texto da seguinte forma:
“O propósito da pregação cristã é o de despertar a fé nos homens, dirigindo-lhes a alma para o seu destino apropriado. Paulo reitera aqui a mensagem constante nos versículos catorze e quinze, mostrando que a pregação com que os missionários da cruz obtinham convertidos, e que precisava ser ouvida para que pudesse haver fé, é a mensagem de Cristo.”
(R. N. Champlin — O NOVO TESTAMENTO INTREPRETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO, pág. 780)
Está escrito:
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)
É a verdade de Deus, Cristo, que liberta!
Não é ordenando a demônios que liberem as pessoas: este poder quem tem é o evangelho e é exatamente por isso que devemos comunicá-lo!
Jesus não comissionou seus discípulos a “amarrar” demônios nas regiões celestiais, mas comissionou-os a pregar o Evangelho:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15)
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28:19)
O apóstolo Paulo, quando se converteu, foi logo pregar o evangelho na sinagoga (Atos 9:20); em suas viagens missionárias pregava o evangelho (Romanos 15:18-20); exortou ao seu filho na fé, Timóteo, que pregasse a Palavra (2 Timóteo 4:2); e, no final de sua carreira, quando estava preso, ainda pregava o evangelho (Atos 28:31).
Jesus Cristo e o apóstolo Paulo enfatizaram a pregação do evangelho como arma para converter os incrédulos.
Se “amarrar” e “destituir” principados e potestades antes de anunciar a Cristo fosse tão importante, porque Jesus e Paulo não nos chama atenção para um fator tão importante?
Sobre isto Ricardo Gondim comenta:
“O triunfo dos cristãos na batalha espiritual acontece muito mais como o resultado da proclamação da verdade que confrontos de poderes. O poder por si só não pode libertar os cativos. A verdade liberta.”
(Ricardo Gondim — OS SANTOS EM GUERRA, pág. 174)
O evangelho de Cristo é, em si mesmo, poderoso para a salvação daqueles que creem.
É claro que pode-se variar nos métodos de comunicação deste; no entanto, não se pode fiar nestes métodos para a salvação do perdido.
3.1.2 — Intercessão
A palavra “intercessão” vem do latim — “intercedere” — e significa “ficar entre”.
No caso da oração é aplicada ao ato da petição, súplica a Deus por algo ou alguém.
Paulo, em sua carta a Timóteo, reconhece o valor da súplica em parceria da pregação do evangelho para a salvação:
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. (1 Timóteo 2:1-4)
É necessário observar-se que a forma de oração que Paulo exorta para que se faça é: súplica, intercessão e ação de graça.
Quando se olha para a oração que Paulo exorta a ser feita, pode-se denominá-la de “oração evangelística”: esta é a oração — constituída por súplicas, intercessões e ações de graça — feita por todos homens, com o propósito de viver-se tranquilamente e salvar aqueles que estão perdidos.
A intercessão é uma arma para lutar contra o diabo pelas vidas que estão perdidas.
O apóstolo Paulo ainda fala sobre o valor da oração:
“E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho.” (Efésios 6:19)
Percebemos que, quando se observa os modelos de oração nas Escrituras, palavras do tipo “suplicar”, “rogar”, “segundo a tua vontade”… são comuns e significativamente repetitivas.
Elas têm grande significado para o cristão: nelas encontra-se intrínseca a confiança em Deus para todas as ocasiões da vida, inclusive para o dever de evangelização.
O evangelismo deve ser recheado pela oração, assim como fez Jesus (Marcos 1:35) e os apóstolos (Atos 4:31); mas esta oração, para ser eficaz, deve ser feita a Deus, o Pai da luzes, e não ao diabo!
3.2 — AS ARMAS DE DEFESA
Quando o cristão vale-se das armas de ataque, bíblicas, para saquear o território do inimigo, é lógico que este irá reagir.
E quando isto acontecer… o que fazer?
Ao descrever a armas espirituais do crente, Paulo diz o propósito:
“… para que possais resistir no dia mau.” (Efésios 6:13b)
Este vocábulo, “resistir”, é um verbo — do grego,  αντιστηναι — que exprime a ideia de opor-se, defender-se, fazer face a, colocar-se contra, permanecer firme.
A ideia que expressa por este vocábulo é a de não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não lhe conceder nenhuma vantagem ou vitória.
Ele aparece, também, em passagens como Tiago 4:7 e 1 Pedro 5:9.
A pergunta é: como resistir, opor-se, fazer face ao diabo?
Em Efésios 6:14-17, Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da armadura de Deus.
3.2.1 — A Armadura de Deus
Quando Paulo cita a armadura, ele tinha em mente o soldado romano, preparado para a guerra: ele usa esta figura para exemplificar a luta do crente e como este pode vencer.
A metáfora denota o revestimento do Senhor Jesus que o crente deve ter: todas as partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo crente através do Espírito Santo.
Alguns “vestem” a armadura ao proferir algumas orações, como algo místico de eficácia instantânea… no entanto, não creio que essa fosse a intenção que Paulo tinha em mente.
É certo que o apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus, estava pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do próprio Cristo.
Portanto, essa é a arma que Deus nos oferece para resistir no dia mau.
A seguir, veremos as armas de defesa que as Escrituras nos oferecem:
3.2.1a — A Verdade
O cinto, ou cinturão, era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a armadura em volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.
Esta verdade poderia, muito bem, significar a verdade moral — o oposto da mentira — o que seria lógico, pois satanás é o pai da mentira!
No entanto, é certo que o significado desta verdade, exposta por Paulo, vai muito além do significado de verdade ética: considera-se que esta verdade é a verdade de Deus, ou seja, a verdade cristã — o conjunto das doutrinas cristãs — que é o que sustenta tudo o mais (conforme o mesmo uso da palavra denota em Efésios 4:15).
3.2.1b — A Justiça
A couraça era uma peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça, tinha a finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.
Paulo, ao usar esta peça como metáfora, para exemplificar a justiça, tinha em mente a justificação. Em Romanos 8 ele comenta que nada poderá condenar o crente, pois é Deus quem o justifica. Isso quer dizer que:
  1. Não podemos confiar em nossa própria justiça, ou santidade, para vencer o inimigo, mas confiar na justiça que vem de Deus, através do sacrifício de Jesus; por isso, é que nada, nem anjos nem potestades, poderá nos separar do amor de Deus;
  2. Quando somos justificados, o Espírito Santo opera em nós a obra da santificação; uma obra conjunta com o crente, no qual, este, assume, de forma gradual, o caráter de Cristo, em particular, o caráter justo — Paulo aplica este termo, desta forma, em Efésios 4:24 e 5:9.
3.2.1c — O Evangelho da Paz
A sandália romana, usada como figura pelo apóstolo Paulo, era feita de couro e possuía vários cravos, formando uma camada espessa.
Esta peça tinha a finalidade de proteger os pés do soldado onde quer que ele fosse.
Para esta peça, são usadas algumas interpretações, como a que diz que Paulo está se referindo ao evangelismo.
No entanto, é preferível a interpretação de que Paulo se refere à paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, que o Evangelho proporciona: esta paz é a tranquilidade mental e emocional — oriunda da consciência da plena aceitação da parte de Deus — que o crente tem por onde vai, e em toda e qualquer situação.
3.2.1d — A Fé
O escudo, usado como ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo inteiro do soldado: era formado de duas partes de madeira, recobertas de lona e, depois, de couro.
Aqui, o apóstolo Paulo, refere-se a fé salvífica — de acordo com o contexto de Efésios 1:15, 2:8; 3:12 — que produz entrega total da alma do crente a Cristo.
É a crença que Cristo, como Senhor, domina, controla e dirige todos os aspectos da vida do crente.
Esta fé tem a eficácia de anular os dardos inflamados o maligno.
3.2.1e — Salvação
O capacete, usado por Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal, sendo usado para proteger o soldado dos possíveis golpes de espada proferidos contra sua cabeça.
A salvação do crente — recebida pela graça divina mediante a fé — é o que o livra dos ataques aterradores do diabo: é uma proteção divina para o guerreiro que é crente.
Quando a pessoa é salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está escondida em Cristo e o diabo não a toca.
É interessante notar que todas as demais peças da armadura eram vestidas pelo guerreiro, mas o escudo era recebido: o seu escudeiro colocava nele!
Isso denota a graciosidade da salvação, que é pela graça e, por isso, de graça!
3.2.1f — A Palavra de Deus
Poder-se-ia pensar que a espada é uma arma de ataque — e realmente o é — no entanto, ela, também, pode ser usada como defesa… e o contexto do texto de Efésios nos dá o subsídio necessário para pensar que, aqui, ela é usada para defesa.
O que Paulo queria dizer usando a espada como ilustração?
Certamente ele estava falando da atuação do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a Palavra de Deus uma força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna vigoroso o uso que fazemos dela.
Assim como a espada é morta quando não manuseada, assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida de quem a lê: a Palavra de Deus, respaldada pelo Espírito Santo, dá vida e é mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, sendo apta até mesmo para discernir as intenções do coração (veja Hebreus 4:12).
Alguns interpretam este texto como se dissesse para usar a declaração de versículos contra o diabo… no entanto, o diabo não corre da mera declaração de versículos, mas, sim, da eficácia que a operação das Escrituras, através do Espírito Santo, obtém na vida do crente.
4 — OS BENEFÍCIOS DO MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL
Seguindo o conselho do apóstolo Paulo de “… examinar tudo e reter o bem”, agora vejamos o que de bom acrescentou o movimento de Batalha Espiritual à Igreja.
4.1 — ALERTA À GUERRA ESPIRITUAL
Líderes eclesiásticos, vivem — ainda que creiam na existência do inimigo — totalmente desapercebidos da guerra que se trava no mundo espiritual e, por isso, deixam de manejar as armas que Deus nos oferece.
Por sua vez, os novos convertidos passam a frequentar igrejas possuindo a cosmovisão de achar que, depois de convertidos, está tudo bem; não são cônscios da batalha que começaram a enfrentar no âmbito espiritual.
Não concordo com a teologia do Movimento de Batalha Espiritual (conforme foi evidenciado biblicamente neste trabalho), no entanto creio que foi permissão de Deus para que o Seu povo tomasse consciência da luta espiritual que estamos envolvidos e seguisse o conselho do apóstolo Paulo:
“Porque não ignoramos os seus ardis.” (2 Coríntios 2:11)
4.2 — ÊNFASE NO EVANGELISMO
Por vezes, a Igreja é tentada a acomodar-se entre as quatro paredes do templo e esquecer-se da grande comissão.
É real a cosmovisão eclesiástica — errônea, por sinal — de achar que evangelismo é só para missionários ou pessoas tecnicamente preparadas para isso.
Não concordo com a visão do movimento de Batalha Espiritual a respeito do evangelismo, no entanto, seus líderes — até onde tenho conhecimento — estão realmente preocupados e envolvidos com evangelismo.
Essa influência é extremamente benéfica a um povo que acomoda-se em sua “vidinha” terrena, em seu individualismo.
4.3 — ÊNFASE NA ORAÇÃO
A oração é a chave para uma vida de comunhão com Deus: por trás da oração se encontra um coração ardente de amor por Deus e entregue aos Seus cuidados.
Infelizmente, muitos crentes dormem para essa realidade e vivem uma vida espiritual raquítica.
Não concordo com o que se diz no MBE sobre a oração, como sendo palavras de autoridade contra o diabo; no entanto considero louvável a ênfase que se dá à oração, pois, indubitavelmente, Jesus, em seu ministério, orou e são necessários, também, homens e mulheres de oração.
5 — OS PERIGOS DO MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL
Infelizmente, o Movimento de Batalha Espiritual oferece mais perigos do que benefícios para a Igreja.
Abaixo veremos que perigos são esses.
5.1 — AS FONTES DE INFORMAÇÃO
As Escrituras são a única regra de fé e de prática.
Nada pode tomar esse lugar que lhe é próprio: nem os estatutos eclesiásticos, nem as experiências pessoais!
O movimento de Batalha Espiritual trás — e se baseia nelas para suas doutrinas — muitas informações que não procedem das Escrituras.
A pergunta que se segue é esta:
Se não vem da Bíblia, de onde vem?
Vejamos — com a finalidade de saber de onde vem as informações que nos são passadas — algumas declarações dos expoentes da Batalha Espiritual.
Em uma apostila sobre uma “profecia” concedida a Magnólia de Campos Araújo, Mátiko Yamashita, do ministério de Batalha Espiritual, concede algumas informações sobre Espíritos demoníacos.
O interessante é que ela repete, insistentemente, a fonte com a qual obteve tais informações:
“Eu comando o sheol. Sou capaz de transformar pedra em pão””, disse Lúcifer. “Perguntei sobre Nimrod: disse que é comandante geral de batalha e guerra de sombras. Perguntei sobre o príncipe do Brasil: Atualmente está vago, pois yemanjá foi destronada no dia 12 de outubro de 1.990.”
Depois disso, Mátiko fala sobre o Buda e escreve:
“Segundo o Buda, há tipos de bonzos: os de roupa amarela e de grená. Este é feroz, é como javalí e se transformam em javalis ( grifo meu)”. Também fala do “Minotauro ou tauro: segundo sua informação é anjo caído. É gênio de destruição (grifo meu)”.
Depois, Mátiko cita como obteve tais informações:
“Recebemos as revelações no dia 3.11.90, quando fomos fazer um trabalho de libertação na casa da Silvia, e o minotauro e o centauro dominavam e controlavam outro demônio de casta mais baixa, chamado “amoran”, tipo de uma lesma que atua nos homossexuais. São destituídos de inteligência, se alimenta apenas de carne do homem, isto é todo tipo de pecado sexual pervertido. Só pode ser exterminado, dividindo em dois ou queimando com o “o fogo do Espírito”, não se expulsa, pois ele não entende a linguagem dos humanos”.
Mátiko segue citando sobre o centauro:
“Quando a morte pairar sobre a cabeça dos cristãos, diz Zohohet, que eu, Magnólia vou ver centauro. Diz Zohohet: avisa a igreja. Diz que vai voltar para falar mais.”
Mátiko segue comentando da seguinte forma:
“Todas as informações foram dadas sob juramento, no dia 04.11.90 para Magnólia Campos de Araújo.”
E também:
“Estas informações foram dadas pela Pomba-Gira, à Magnólia Campos Araújo.”
Outra vez fala:
“Segundo o próprio demônio, ela amacia o caminho para outros agentes de destruição do sexo. Desfaz casamentos.”
Gostaria de ter palavras para exprimir minha completa indignação diante de tais declarações. Temo não ter as palavras adequadas, mas iremos esforçar-nos para tal.
Magnólia está assumindo o papel de profetiza do diabo. Ele fala, ela repete. Ele manda avisar para a igreja e ela avisa.
Fico imaginando como tais informações devem chegar ao ceio de nossas igrejas: o diabo fala, alguém ouve e repete e um pastor — como a Mátiko — sem compromisso com as Escrituras, ensina para a Igreja porque “não tem nada melhor para ensinar”.
Os membros ficam impressionados com tais informações e começam a propagá-las e, daí, se forma o que Paulo disse:
“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.” (1 Timóteo 4:1)
Penso que as informações sobre demônios — seus nomes, características, onde moram, etc. — vêm do próprio diabo e, de acordo com João 8:44, não creio que esta seja uma fonte fidedigna!
5.2 — O PRAGMATISMO
O termo “pragmatismo” foi cunhado do vocábulo grego “pragma” que quer dizer: ato, coisa, evento, ocorrência, fato, matéria.
O pragmatismo ensina que conceitos, ideia e pensamentos só têm valor quando seguidos de consequências práticas.
A despeito da verdade, o pragmatismo diz que somente as ideias que produzem consequências; ou seja, se funcionam, é porque são verdadeiras; em outras palavras, aquilo que funciona tem, por de trás, um princípio verdadeiro.
Este pensamento filosófico nasceu nos E.U.A, em meios do fim do séc. XIX para o séc. XX. Influenciou extremamente o ensino norte-americano, inclusive os seminários evangélicos.
Os principais filósofos pragmáticos foram: Charles Sanders Peirce, William James, Royce, entre outros.
Levando a bandeira do pragmatismo, estão os pregadores da Batalha espiritual. Invariavelmente, para respaldar suas ideias, selecionam experiências, e dizem: se deu certo...é de Deus.
Vejamos o que diz Peter Wagner sobre isso:
“Sou um teórico, mas sou um daqueles que tendem por defender teorias que funcionam. Meu principal laboratório, onde submeto a teste essas teorias, tem sido a Argentina, pelo que o leitor lerá sobre muitos incidentes que ocorreram naquele país.”
(C. Peter Wagner — ORAÇÃO DE GUERRA, pág. 13)
Em outra ocasião, ele fala da seguinte forma:
“Sou uma pessoa muito pragmática, no sentido de que as teorias que mais me atraem são aquelas que funcionam.”
(C. Peter Wagner — ORAÇÃO DE GUERRA, pág. 26)
Diante de tal perspectiva filosófica, podemos responder com as palavras de Claudionor Corrêa de Andrade:
“A experiência tem demonstrado, porém, ser o pragmatismo mui relativo. O que é útil, hoje, pode não o ser amanhã. Exemplo: a escravidão. O que foi considerado útil nos séculos passados, hoje é tido como desrespeito aos direitos humanos. O pragmatismo, por conseguinte, é próprio das sociedades totalitárias. A utilidade imediata quase sempre é efêmera.”
(Claudionor Corrêa de Andrade — DICIONÁRIO TEOLÓGICO, pág. 206)
Quando estudamos a doutrina cristã, um dos assuntos que, primeiramente deve ser encarado é a fonte da qual extrairemos nosso conhecimento.
Existem várias abordagens: teologia natural, tradição, experiência e Escrituras: aqueles que decidem-se pelas Escrituras tomam-nas “como o documento definidor ou a constituição da fé cristã” — ela é a regra de fé e prática — esta é a atitude tomada no meio ortodoxo.
Aqueles que optam pela experiência religiosa (pragmáticos), consideram que ela provê informações divinas autorizadas. Esta última posição é extremamente perigosa.
O Apóstolo Paulo nos advertiu:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8)
Note que a autoridade é o Evangelho e não a experiência. Para Paulo, a verdade é absoluta, e mesmo que experiências queiram provar ao contrário, consideremos tal coisa anátema.
É certo que a Palavra de Deus é respaldada pelas experiências sobrenaturais de pessoas, no entanto, nem toda experiência resultou em doutrina cristã: é extremamente perigoso respaldarmos nossas convicções, conceitos e doutrinas em experiências, por que as experiências são relativas.
Não podemos usar métodos apenas porque funcionam, devemos usar métodos se são bíblicos: não devemos crer que tal coisa é de Deus apenas porque funciona, devemos crer porque possui respaldo bíblico.
Assim pensando, ou seja, como os pragmáticos, segue-se que o Islamismo é uma religião de Deus, pois é a que mais cresce no mundo!
No entanto, seus conceitos são diabólicos e, diante disso, podemos concluir que nem tudo aquilo que dá certo… é de Deus!
Sobre isso, Champlin, também comenta da seguinte forma:
“Existem grandes verdades espirituais que em coisa alguma são afetadas pela experimentação humana...Tentar investigar a verdade exclusivamente através de meios pragmáticos, limitados à experiência humana, é abordar a verdade de uma maneira muito parcial.”
(R. N. Chanplim — ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, pág. 354)
A filosofia pragmática tem inserido sérios problemas doutrinários na igreja, e a doutrina de batalha espiritual é um deles.
5.3 — CONFUSÃO ENTRE OBRA DO DIABO E OBRA DA CARNE
Um outro perigo doutrinário que assedia o movimento de batalha espiritual é a confusão feita entre as obras da carne e as obras do diabo: costumeiramente, quando alguém está envolvido em algum pecado, atribui-se este envolvimento a espíritos malignos.
Desse modo, uma prostituta é prostituta por causa do espírito de prostituição que a possui…
De forma semelhante, se um crente rouba é por que o espírito de roubo o influenciou…
Nesta concepção, para extirpar determinados costumes nas vidas das pessoas, é necessário identificar o demônio que lhe acedia e repreendê-lo.
Daí vem a nomenclatura dos espíritos: “de lascívia”, “de inveja”, “de fofoca”, “de dissolução”, etc.
A Bíblia chama estas manifestações — que os mestres da batalha espiritual chamam de espíritos — de obras da carne (Gálatas 5): o homem é responsável pelos seus atos e, como tal, deve reconhecê-los, arrepender-se e deixá-los (1 João 1:5-9; 2:1-2).
A Bíblia não nos instrui a repreender espíritos quando estamos em pecado: devemos tratar o pecado como pecado, que é a escolha pessoal de rebelar-se contra Deus.
O diabo é tentador e, como tal, vive para induzir o homem ao erro; no entanto, o homem peca devido à sua escolha de rebelar-se contra Deus, devido à sua natureza pecaminosa e, por isso, ele é responsável pelos seus atos.
5.4 — DIZER QUE É A REVELAÇÃO DE DEUS PARA OS DIAS ATUAIS
Quando não encontram mais argumentos para defender suas ideias, os pregadores do movimento de batalha espiritual tendem a dizer que esta é uma revelação de Deus para os últimos dias.
Através da análise de textos — como Atos 2:16-17; 1 Coríntios 10:11; 1 João 2:18 — pode-se perceber que os apóstolos já viviam nos últimos dias.
Será que Paulo era tão imaturo na fé para que Deus não o revelasse este ensino?
Será que o Cânon ainda não foi concluído, necessitando, portanto, que livros de batalha espiritual sejam inseridos?
Se a igreja do primeiro século não tinha esta revelação, porque obteve tanto sucesso evangelístico?
Não se pode confiar em qualquer revelação só porque ela contém a fórmula: “assim diz o Senhor”.
Dessa forma fizeram Charles T. Russell — que começou a seita Testemunhas de Jeová — dizendo-se ter uma nova revelação; também Ellen Golden White — detentora de novas revelações e grande propagadora do Adventismo do sétimo dia.
Podemos citar, também, Joseph Smith, que recebeu revelações e, por isso, fundou a seita mórmon.
Não descreio em revelações, porém penso que estas precisam ser analisadas à luz das Escrituras, pois não possuem autoridade final.
A credulidade dos crentes é cativa à Palavra de Deus e não se pode obrigá-los a crer em algo que não é bíblico. Diante disso, gostaria de citar, novamente, as palavras do apóstolo Paulo:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8)
CONCLUSÃO
Neste trabalho, estivemos observando o que as Escrituras têm a nos dizer sobre guerra espiritual.
Vimos, também, sobre o novo MBE: sua origem, seus ensinos, suas estratégias de guerra.
Fizemos isso, com o objetivo de analisar, à luz das Escrituras, o MBE e, em seguida, oferecemos a solução bíblica para a guerra espiritual.
Deste trabalho, podemos observar que o Movimento compromete as doutrinas cristãs ortodoxas como: a soberania de Deus; a suficiência da obra da cruz para a salvação do homem; e, para aniquilar as obras do diabo, são comprometidas.
Hoje, ao invés de pastores ensinarem seu povo sobre a soberania de Deus, o valor da intercessão e o poder do evangelho, estão ensinando o poder que o diabo tem e as “estratégias” para combatê-lo!
O resultado disso é que encontramos pessoas com cada vez mais medo do sobrenatural, outras considerando-se o ápice da espiritualidade, os detentores da revelação e, exacerbadamente, legalistas.
O argumento comum para se explicar a ênfase que dão ao diabo é que “o primeiro princípio de guerra é se conhecer muito bem o inimigo”.
Concordo, em parte: a qualquer guerra este princípio é fundamental, entretanto, a batalha espiritual que travamos já foi ganha na cruz do calvário!
É claro que não devemos ignorar os ardis do inimigo, mas devemos nos aplicar a conhecer mais ao Senhor e não ao diabo, pois quanto mais conhecemos àquele que servimos, percebemos que o diabo não passa de criatura diante do Criador.
O povo de Deus tem perecido, não por falta de conhecimento de quem é o inimigo, mas por falta de conhecimento de quem é o Criador!
Por isso, como nunca, precisamos de uma volta às doutrinas básicas da fé cristã e, para isso, precisamos orar para que Deus levante verdadeiros mestres que tenham compromisso com a verdade das Escrituras e não com o resultado das igrejas cheias.
Fontes: Ministério CACP
Adaptação e Atualização: Teophilo Noturno

20 de dez. de 2011

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Esta postagem é uma continuação.
2.3.3 — Quebra de Maldição
Um outro método de batalha espiritual amplamente ensinado é o de quebra de maldição.
Aqui no Brasil os mestres desta doutrina são: Robson Rodovalho, Neuza Itioka, Jorge Linhares, Missão Evangélica Shekinah, entre outros.
De acordo com os mestres da doutrina de maldição hereditária, “maldição” são sofrimentos — mortes prematuras na família, contínuo dividendo financeiro, abortos constantes, separações conjugais, etc. — que afligem as pessoas (ou lugares), ocasionados por “pragas” lançadas por meio de palavras, ou pecados cometidos pelas pessoas (ou lugares).
Estas aflições repetem-se ao longo da descendência do indivíduo (ou lugar) pela gerência de espíritos maus. Assim, no futuro, será praticado o mesmo pecado que foi praticado no passado e haverão os mesmos sofrimentos que houveram no passado.
Rebecca Brown define maldição da seguinte maneira:
“Muitos cristãos frequentam a igreja com regularidade e esforçam-se de todo o coração para terem uma vida piedosa. Entretanto, a despeito de todos os seus melhores esforços, tudo parece não dar certo: Não importa quanto se esforcem, ou quanto aconselhamento recebam, parece que nada funciona.
Por exemplo, com que frequência a gente ouve alguém fazer um comentário como este: ‘A minha vida ia indo muito bem até o dia em que aceitei Jesus Cristo. Então tudo passou a não dar certo!’?
Pode até ser que você mesmo tenha declarado algo assim!
Alguns cristãos não conseguem entender por que, apesar de tudo o que fazem, seus filhos viram-se contra eles e contra Deus e caminham pela vereda da destruição.
Outros crentes, que aceitaram o Senhor com alegria, cresceram espiritualmente por algum tempo, e então descobriram não terem condições de manter um relacionamento chegado com o Senhor: sentem-se sem condições de ler e estudar a Bíblia ou de orar, e acabam perdendo o interesse, e vão de mal a pior.
Outros ainda lutam durante toda a vida, num andar ora de novo com o Senhor, ora longe do Senhor, não conseguindo estabelecer e manter um permanente andar com ele.
Tais problemas afetam igrejas inteiras, assim como a vida de pessoas em particular: muitas igrejas caracterizam-se por nelas ocorrerem muitos divórcios e outros problemas dessa ordem em sua membresia.
Muitas lutam por anos mas nunca prosperam nem crescem espiritualmente: com frequência se dividem e mudam sempre de pastor.
Mesmo quando parece que passam por um período de avivamento e de crescimento, logo tudo se perde: muitos membros saem, e a igreja acaba voltando à condição em que estava antes.
Por que esse ciclo destrutivo ocorre?
Tais situações desencorajadoras podem resultar de vários fatores diferentes, mas uma razão, que normalmente é desapercebida, é haver uma maldição na vida de alguém, ou em sua família, que nunca foi quebrada.
Muitas igrejas estão também debaixo de maldições: esta é uma área que tem sido muito negligenciada no ensino cristão hoje em dia.”
(Rebecca Brow — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 5)
Neuza Itioka, por sua vez, cita alguns casos que são tidos como maldição:
“Sinais possíveis de maldições na família: repetidas depressões emocionais, repetidas doenças crônicas, repetidos abortos, repetidos divórcios e separações, repetidos alcoolismo, incapacidade de se engravidar, contínua falta financeira, repetidas mortes prematuras, repetidas infidelidades, imoralidades e perversidades sexuais, predisposição para desastre, maldição de guerra.”
(Neuza Itioka- CURSO SOBRE BATALHA ESPIRITUAL, pág. 31)
2.3.3a — A Hereditariedade
“Essa maldição pode ser hereditária, ou seja, os sofrimentos acometidos pela maldição podem passar de pai para filho (...) Elas podem ser herdadas (…) Passadas de geração a geração.”
(Rebecca Brown — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 21)
“Assim, más ações dos antepassados podem ter um efeito mortal em nossas vidas. Existe uma transmissão de heranças espirituais das gerações passadas, para nós.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 10)
Não somente os sofrimentos, mas também os pecados podem ser transmitidos. Desta maneira, se uma mulher é prostituta, sua filha também, e, sua neta, tem tendências imorais, com certeza há uma maldição nesta família que está sendo passada de pai para filho.
Vários exemplos são citados para ilustrar esta ideia.
As constantes guerras entre tribos no continente africano configuram um desses exemplos: segundo a doutrina de maldição hereditária, as guerras na África são consequências de pecados de adoração a demônios, ódio e massacres entre as tribos, cometidos por seus antepassados.
Assim “cada tribo é governada por um determinado demônio”, que se encarrega que as tribos cometam os mesmos pecados e sofram as mesmas aflições de seu antepassados.
Até mesmo na América ocorre violência entre gangues: esta violência é ocasionada porque elas são compostas de negros que seriam alvo da maldição de seus antepassados africanos.
Desta forma, faz-se necessário reconhecer o pecado cometido pelos antepassados e confessá-los a Deus.
Para apoiar esta ideia usa-se uma série de textos bíblicos (principalmente veterotestamentários), onde se mostra que “toda vez que houve um avivamento em Israel, a primeira coisa que aconteceu na nação dos hebreus foi a confissão da iniquidade de seus antepassados”.
Dentre estes textos pode-se citar Neemias (que incitou o povo a confessar os pecados de seus pais — Neemias 9:1-3); Daniel (que confessou os pecados de seus antepassados — Daniel 9:16-17) e Esdras (que, de semelhante forma, confessou os pecados de gerações passadas — Esdras 9:7).
Ilustrando este pensamento, Rebecca Brown cita — em seu livro “Maldições não Quebradas” — o caso de sua amiga Sandy.
Sandy era uma cristã dedicada, no entanto foi-se constatado que estava com câncer no pâncreas: Sandy sabia que esta doença era uma maldição da família (pois todos os membros de sua família haviam morrido de câncer no fígado ou no pâncreas, ainda jovens), porém esta jovem senhora, por mais que tentasse, não conseguia quebrar esta maldição.
Sob o conselho de Rebecca, Sandy fez uma pesquisa da causa desta maldição em sua família e constatou que nela havia uma história de imoralidade sexual e divórcios… somente ela possuía um casamento duradouro, além de que poucos haviam-se convertido a Cristo.
Depois de confessar estes pecados, Sandy foi fazer a cirurgia, e, neste momento, foi constatado que não estava mais com câncer.
2.3.3b — Maldição em Objetos
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De acordo com os mestres da doutrina de maldição hereditária, os objetos podem ser amaldiçoados: isso significa que eles podem estar sob influência demoníaca ou, até mesmo, demonizados.
Estando assim, estes objetos teriam o poder de influenciar negativamente o local ao seu redor e às pessoas envolvidas com ele.
A simples presença desses objetos malditos em algum lugar, ou o seu uso, ou, até mesmo, um simples toque, pode acarretar em muito sofrimento para o indivíduo.
Desta forma, faz-se necessário todo um cuidado com os pertences que há em casa, como também com aqueles que vai-se adquirir; por isso:
“… vasculhe a sua casa. Será que você tem estatuetas de entidades demoníacas em sua casa? (…) fique atento, porque muitos dos brinquedos infantis na verdade são estatuetas de demônios.”
(Rebecca Brown — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 43)
Estes objetos, geralmente, são pertencentes ao rito do culto afro, estatuetas e suvenires indígenas, símbolos de outras religiões ou brinquedos infantis.
Para respaldar esta ideia, são citados vários versículos bíblicos como Levítico 5:2; Ezequiel 44:23; Neemias 16:26; Deuteronômio 7:25-26; 2 Coríntios 6:17.
Jorge Linhares, em seu livro Bênção e Maldição, expressa seu pensamento sobre o assunto da seguinte forma:
“Precisamos verificar se não temos permitido adentrar em nosso lar objetos que são por natureza amaldiçoados — objetos que temos de lançar fora e de preferência queimar ou destruir.
  • Imagens de escultura ou ídolos — Deus proibiu terminantemente que tenhamos por objeto de culto qualquer imagem à semelhança de homem, de nada que existe nos céus, na terra, nem nas águas debaixo da terra; imagem, quadros ou gravura de santos, esculturas de Buda, etc. (Êxodo 20.2-3).
  • Objetos usados ou levados a centro espírita e terreiros de macumba para serem benzidos — lenços, roupas íntimas, garrafas com chá, patuás, correntes, braceletes, figas, pedras, amuletos em geral.
  • Objetos de práticas ocultistas — baralho, cartas de tarô, horóscopo, búzios, roda de numerologia, pirâmides, duendes.
  • Quadros ou objetos artesanais, de origem desconhecida, e que transmitem mensagem deprimente, de pavor, de tristeza — As vezes pensamos que estamos lidando apenas com peças de artesanato, quando na verdade são símbolos de cultos ou cerimoniais pagãos.”
(Jorge Linhares – BÊNÇÃO E MALDIÇÃO, pág. 41)
Rebecca Brown concorda com Jorge Linhares e, em seu livro, fala algo semelhante:
“Qualquer objeto que foi feito para uso no culto a Satanás é amaldiçoado e não pode ser purificado. Tem que ser destruído. Exemplos de coisas assim são ídolos, estátuas de santos e entidades, e joias com símbolos ocultistas. Cerca de metade das lembranças de turismo encontradas nas lojas em todo o mundo são objetos amaldiçoados. Por quê? Porque com frequência são artigos pertencentes à cultura local que geralmente têm envolvimento com algum tipo de culto a demônios.
Você já viajou para o exterior e trouxe para casa imagens esculpidas de entidades, como souvenires? Em muitas igrejas por onde passei, a primeira coisa que vi ao entrar no gabinete pastoral foi um conjunto de lembranças trazidas de suas viagens ao exterior, e de suas viagens missionárias. Muito frequentemente tais "lembranças" incluíam estátuas de deuses demoníacos! Essas coisas trazem uma maldição para a vida do pastor e para a igreja.”
(Rebecca Brown — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 40)
Ainda argumentando sobre o conceito de maldição em objetos, Rebecca conta sua experiência com os artefatos do rei egípcio Tutancâmon.
De acordo com Rebecca, em seu tempo como estudante de medicina, foi a uma exposição, realizada em seu país, dos objetos escavados do túmulo do Rei Tutancâmon do Egito.
De corrente desta visita aos artefatos, Rebecca ficou muito doente por treze anos. Depois de muito sofrimento, chegou à conclusão que suas enfermidades foram consequência de sua exposição aos objetos amaldiçoados de Tutancâmon.
2.3.3c — Maldição em Lugares
Os mestres da doutrina de maldição hereditária acreditam que não só objetos podem ser amaldiçoados mas, também, que lugares podem sê-lo.
De acordo com estes mestres, casas, vilarejos, bairros, cidades, nações inteiras e, até mesmo, igrejas podem ser vítimas de maldição, acarretando aos seus moradores sofrimentos crônicos de miséria, pobreza, adultério, mortes prematuras, etc.
Jorge Linhares, ensinando sobre isso, diz:
”As cidades também podem estar amaldiçoadas; portanto, tudo o que há nelas – o povo, o solo, hospitais, fábricas, etc. – está sob maldição.”
(Jorge Linhares — BÊNÇÃO E MALDIÇÃO, pág. 43)
Rebecca Brown também fala do assunto:
“Uma terra e uma propriedade podem tornar-se amaldiçoadas por diversas razões. A primeira delas pode ser porque alguém, a serviço de Satanás, lançou uma específica maldição sobre uma determinada área. Muitas terras nos Estados Unidos acham-se amaldiçoadas pelos índios americanos.
Um exemplo disso é a região do desfiladeiro do rio Colúmbia, na fronteira dos estados de Oregon e Washington. Os dois lados do rio Colúmbia estão pontilhados por uma série de pequenas cidades. Nessas cidades há muitas igrejas que são pequenas e derrotadas. Nunca ocorreu um avivamento ou um movimento maior do Espírito Santo naquela região.
A segunda maneira pela qual propriedades podem estar amaldiçoadas para os cristãos é por terem sido dedicadas ao serviço de Satanás e de espíritos demoníacos. Todo cristão que venha à propriedade para nela viver é oprimido por espíritos demoníacos residentes no local, e é amaldiçoado por esses demônios.”
(Rebecca Brown — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS)
Finalmente, determinadas propriedades às vezes têm uma maldição em si por causa dos pecados dos antigos proprietários e residentes: os espíritos demoníacos tomam residência na propriedade pelo pecado das pessoas que a possuem ou que moram nela.
Uma outra pessoa que depois vem morar no local ficará sob opressão por aqueles demônios (por suas maldições), a menos que a propriedade seja purificada.
2.3.3d — O Poder das Palavras
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Nos tempos do Velho Testamento, era comum entre as nações fetichistas, a crença em espíritos bons e maus que preenchiam toda a atmosfera. Estes espíritos poderiam ser manipulados para o bem ou para o mal através da magia.
Esta magia era efetivada por ritos que incluíam sacrifícios e, também, palavras: considerava-se que estas palavras “mágicas” tinham poder em si mesmas para realizar o objetivo pelo qual foram proferidas.
Nessa perspectiva, vê-se Balaque pedindo para Balaão proferir uma fórmula de maldição que provocasse a ruína de Israel (Números 22), como, também, Golias, esconjurando a Davi (1 Samuel 17).
Da mesma forma que a doutrina de Maldição hereditária têm ensinado que as palavras proferidas pelo indivíduo têm o poder de trazer (a ele mesmo ou a outros) bênção ou maldição, diz-se que o indivíduo deve prestar mais atenção no que diz, principalmente nas palavras negativas como: “você é um burro, não sabe fazer nada”, etc.
Estas palavras são respaldadas por espíritos maus (demônios) que fazem com que se realizem.
Jorge Linhares fala sobre o assunto da forma como se segue:
“Maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado. Na maioria das vezes não temos consciência de estar passando-lhe essa autorização; em geral o fazemos mediante prognósticos negativos, o que é popularmente conhecido como "rogar praga". E um dizer profético negativo sobre alguém.
A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as palavras. Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no curso de vida de muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus.
As pragas se cumprem.É por desconhecermos o poder de nossas palavras que vivemos amaldiçoando nossos filhos, nossos parentes, as autoridades, e, inclusive, nossos próprios negócios.
Quando usamos os lábios para amaldiçoar estamos chamando a nós o que existe no inferno.
É temerário amaldiçoar porque as maldições podem acarretar grandes consequências, dentre elas a opressão e a possessão demoníacas.”
(Jorge Linhares — BÊNÇÃO E MALDIÇÃO, pág. 16)
Kenneth Copeland, falando sobre o poder da palavra de trazer maldição, diz o seguinte:
“A língua de vocês é o fator decisivo na sua vida… Vocês podem controlar Satanás aprendendo a controlar a própria língua.
Vocês têm sido condicionados, desde o nascimento, a falar palavras negativas, carregadas de sentimentos de morte. Inconscientemente, em sua conversação diária, vocês usam palavras que se referem a morte, enfermidade, ausência, temor, dúvida e incredulidade: Quase morri de susto! Estou morrendo de vontade de fazer isso ou aquilo. Pensei que ia morrer de tanto rir. Ainda morro disso! Isso me deixa doente! Essa confusão está acabando comigo. Acho que vou pegar um resfriado. Não aguento mais isso. Duvido que…
Quando proferem essas palavras vocês nem suspeitam do que acontece, mas estão trazendo sobre si mesmos forças negativas e brasas incandescentes… Suas palavras liberam os poderes de Satanás.”
(Hank Hanegraaff — CRISTIANISMO EM CRISE, Op. Cit. pág. 278)
A Missão Shekinah também fala sobre isso da seguinte forma:
“Há poder em nossas palavras, para morte e para vida.
Toda palavra que sai de nossa boca, é usada ou por satanás ou pelo Espírito Santo. Não há palavra perdida.
Toda palavra torpe ou maldita é usada por Satanás para transformá-la em produto contra nós, ou contra quem pronunciamos. Toda palavra de benção é usada pelo Espírito Santo de Deus, para transformá-la em produto para abençoar nossas vidas, ou de quem abençoamos. Quantas vezes, apesar do Espírito Santo morar em seu interior, você usou a sua boca e lançou palavras.
Talvez até em momentos de ira, nervosismo, e estas palavras estão ecoando até hoje como maldição: Contra você mesmo : “Eu não presto para nada”, “Eu sou gorda demais”;
Contra seu marido/esposa: “Você não presta”, “Você nunca será alguém na vida”;
Contra seu salário: “Esta micharia de novo”, “Este mês não vai dar”;
Contra seus filhos: “Você é burro”, “Você é preguiçoso”, “Você é rebelde”, “Você é igual ao seu pai (mãe)”
Pejorativamente: “Você é uma prostituta”.
Às vezes recebemos palavras de maldição de nossos pais, irmãos, pessoas, etc.
Temos autoridade no Nome de Jesus, para cancelar toda palavra de maldição, toda sentença laçada contra nós.”
(Missão Evangélica Shekinah — PREPARAÇÃO DE MINISTRADORES NA ÁREA DE LIBERTAÇÃO E CURA INTERIOR, pág.59. Obra não publicada)
2.3.3e — A Feitiçaria
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Magia é “a exploração de poderes miraculosos ou ocultos, por métodos cuidadosamente especificados para atingir finalidades que doutro modo não podiam ser alcançadas.”
(D. Douglas — O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA, pág. 978)
Esta magia envolve rituais que visam manipular os espíritos bons e maus para fazer, respectivamente, o bem e o mau a um determinado indivíduo ou lugar.
A doutrina de maldição hereditária crê que maldições podem ser lançadas, com sucesso, à pessoas — inclusive cristãs — e lugares, através de rituais de feitiçaria, magia negra, vodu, umbanda, candomblé e outros.
Rebecca Brown comenta sobre isso:
“Pessoas envolvidas no ocultismo frequentemente se voltam contra os cristãos. Eles têm que realizar vários rituais, ou ‘trabalhos’, para fazer com que os demônios realizem as tarefas que eles desejam.”
(Rebecca Brown — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 83)
Para melhor compreensão faz-se necessário ver alguns destes rituais.
Um ritual muito interessante são os desenhos: crê-se que existem determinados desenhos — feitos em muros, casas, igrejas, empresas, etc. — de procedência ocultista, que são alojamento de demônios “observadores”. que teriam a função de observar a região em redor e impor sofrimentos àqueles que foram destinados.
Para quebrar esta maldição faz-se necessário ungir com óleo o desenho e, em seguida, apagá-lo do local em que foi desenhado.
Um outro ritual usado para lançar maldições é a utilização de objetos pessoais.
Nesse ritual, o feiticeiro utiliza um objeto pessoal para realizar seu agouro à pessoa objeto: alguns, mais comumente usados, são:
“fotos, fios de cabelo, pedaços de unha e roupas da pessoa. Essas coisas são usadas como marcadores. O espírito demoníaco envolvido com tais rituais exige essas coisas para que possa identificar a pessoa a quem ele está sendo enviado para afligir.”
(Rebecca Brown — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 95)
Para quebrar esta maldição, faz-se necessário pedir para Deus destruir o objeto que está de posse do feiticeiro e, em seguida, expelir todos os demônios oriundos desta maldição.
A maldição pode ser lançada, também, através de animais ou bichinhos de estimação, assim como presentes recebidos.
Neste caso, o feiticeiro pode lançar uma maldição sobre o animal da pessoa ou colocar um feitiço em um objeto e presentear a pessoa com o mesmo.
Neste dois casos, as consequências são infortúnios para a pessoa objeto.
Em ambos os casos, a maldição é desfeita através da unção com o óleo.
2.3.3f — Espíritos Familiares
Um outro conceito da doutrina de maldição hereditária, amplamente divulgado, é o de “espíritos familiares”.
Espíritos familiares são demônios que, devido ao pecado de algum antepassado, acompanham geração a geração, impondo-lhes aquele mesmo pecado.
Se uma determinada pessoa comete o pecado de adultério, por exemplo, ela deu oportunidade a demônios de transmitirem os mesmos pecados à sua descendência.
Ricardo Mariano define esta ideia da seguinte forma:
“Os que pregam acerca de tais espíritos creem que um indivíduo, crente ou não, tendo ancestral que pecara ou mantivera ligações com espiritismo, idolatria ou quaisquer práticas religiosas antibíblicas, carrega consigo a maldição provocada pelo demônio herdado.
Para libertar-se, precisa renunciar ao pecado e às ligações demoníacas de seus ancestrais e ‘quebrar’, por meio do poder de Deus posto em ação pelo culto de intercessão, as maldições hereditárias.”
(61)Ricardo Mariano – Neo Pentecostais – p. 139
O texto mais usado para defender esta ideia é (na versão King James):
“Não vos voltarei para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor.” (Levítico 19:31)
Robson Rodovalho, em seu livro “Quebrando as maldições”, explica este pensamento da maneira como se segue:
“Deus tão somente entrega aquela família ou indivíduo, a sofrer as ações dos espíritos familiares que induziam seu antepassados àquelas práticas pecaminosas. Desta forma, as heranças espirituais são transmitidas de geração a geração e é por isso que se cumpre o provérbio popular: tal pai… tal filho.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 10)
“Há um acompanhamento, por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 12)
Segundo Robson Rodovalho, estes espíritos familiares são encarregados de transmitir maldições para as gerações posteriores e seus campos de atuação são: casamento, violência, enfermidade, vícios, loucura e destruição das finanças.
A Missão Evangélica Shekinah ainda fala sobre isso da seguinte forma:
“O problema teológico é facilmente explicado. O pecado dá direito legal à satanás de gerar consequências nas gerações futuras.
Ele se utiliza de espíritos malignos familiares, demônios específicos que controlam cada família.
Veja porque no espiritismo realiza-se uma sessão chamada de consulta ao morto (falecido): muitos, por ignorância, creem que o espírito que incorporou no médium é verdadeiramente do falecido, pois ele fala como se fosse o falecido, diz as coisas que ele gostava, etc.
Mas, na verdade, é o espírito familiar maligno que acompanha aquela família, por alguma legalidade: estes espíritos familiares cumprem a função descrita em I Pedro 5: 8 “…o diabo, vosso adversário, anda em derredor…”, pois ele não é onipresente.
Eles acompanham aquela família, geração após geração, esperando uma brecha para penetrar (assim como no caso de Judá até Davi). Também se utilizam da ignorância do homem.”
(Missão Evangélica Shekinah — PREPARAÇÃO DE MINISTRADORES NA ÁREA DE LIBERTAÇÃO E CURA INTERIOR, pág.56. Obra não publicada)
2.3.3g — Árvore Genealógica
Segundo os pregadores da “maldição hereditária”, quando se constata alguma maldição na vida de alguém, de alguma coisa ou lugar, deve-se pesquisar os motivos pelos quais a maldição foi perpetuada ou, como denominam, a “brecha”:
  • No caso de coisas, pode-se fazer uma pesquisa de sua procedência — quase sempre, são objetos oriundos de culto afro.
  • No caso de lugares, é necessário fazer uma pesquisa — em muitos casos muito dispendiosas — para se descobrir as causas da maldição.
    Por exemplo, o Brasil sofre a maldição da miséria porque, na colonização, os portugueses abriram “brecha” ao roubar o tesouro nacional (e os políticos de hoje ainda causam esta brecha).
  • No caso de pessoas, faz-se necessário pesquisar os ancestrais do indivíduo, para ver se alguém, no passado, cometeu algum pecado e, consequentemente, abriu a “brecha”, desencadeando uma maldição.
    A essa pesquisa dos ancestrais chama-se “árvore genealógica”.
Vejamos o que diz Robson Rodovalho, em seu livro “Quebrando as Maldições” :
“…quando percebemos existir maldições hereditárias nas pessoas, pedimos para que ela faça uma gráfico da árvore genealógica, até a Quarta ou Quinta geração ou até onde tem informações. E tentem escrever como foram aqueles antepassados. Como foram suas práticas, vícios e a história da vida deles.
A partir dali, tentamos discernir se existem maldições que entraram na família, e em oração os quebrar. Temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles antepassados tiveram, e quebrar os pactos que fizeram.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 29)
Ainda instruindo seus leitores a realizar tal prática, Robson Rodovalho indica como fazer esta árvore genealógica:
  1. Começar desenhando as raízes que representam a herança familiar;
  2. Desenhar o solo que representa o apoio com que conta a família;
  3. Pensar e desenhar o tipo de árvore que deseja representar;
  4. Desenhar um galho representando cada pessoa da família;
  5. Colocar o nome da família na parte superior do desenho;
  6. Comentar sobre o desenho ao cônjuge.
(Robson Rodovalho — POR TRÁS DAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES, pág. 61)
2.3.3h — Outros Procedimentos para se Quebrar a Maldição
Fazer a árvore genealógica não basta para quebrar uma maldição, isso somente informa sobre os motivos pelos quais ela está afligindo alguém. Quais seriam, então, os procedimentos, a se tomar, depois que se descobre a existência da maldição?
De acordo com os mestres da doutrina da maldição hereditária, existem certos procedimentos que deve-se tomar a fim de quebrar as maldições:
  1. Reconhecer que Cristo tomou sobre si as nossas maldições;
    é, reconhecer que não se precisa tolerar a maldição, pois, Cristo, levou o fardo de todas as maldições; portanto, qualquer maldição que, porventura, o indivíduo possa levar é, meramente, fruto de seu conformismo.
  2. Pedir perdão pelos antepassados.
    Deve-se assumir o pecado cometido pelo antepassado, confessando e arrependendo-se dele.
  3. Orar quebrando, rejeitando, anulando, negando, renunciando as maldições.
    Assim fazendo, todos demônios ligados a maldição são expelidos.
Sobre isso, Robson Rodovalho fala da seguinte forma:
“Faça uma lista das características pecaminosas da sua família e ore fazendo campanhas, renúncias, para quebrar estas maldições em seu viver, que não haja nenhuma maldição ,nenhum legado sobre a sua vida, que seus pais possam ter transmitido, mas que seja quebrado trazendo a única herança da bênção, a bênção de Cristo Jesus.”
Rebecca Brown instrui a quebrar a maldição da seguinte forma:
“Se a maldição proveio de Satanás, e ele teve direito legal para fazer isso, tome os seguintes passos:
  • PRIMEIRO PASSO: Confesse e reconheça o pecado que deu a Satanás e/ou a seus servos o direito de lançar uma maldição em você. Arrependa-se e peça a Deus perdão e purificação.
  • SEGUNDO PASSO: Em voz alta, tome autoridade sobre a maldição em nome de Jesus Cristo e ordene que ela seja quebrada de imediato.
    Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo eu tomo autoridade sobre esta maldição e ordeno que ela seja quebrada agora!’
  • TERCEIRO PASSO: Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com tal maldição que saiam de sua vida imediatamente, em nome de Jesus.
    Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição saiam da minha vida agora!’
Se Satanás o amaldiçoou sem ter tido o direito legal para tanto, então tome os seguintes passos:
  • PRIMEIRO PASSO: Falando em voz alta, tome autoridade sobre a maldição, em nome de Jesus Cristo, e ordene que ela seja quebrada de imediato.
    Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo, eu tomo autoridade sobre esta maldição de... e, ordeno que seja quebrada agora!’
  • SEGUNDO PASSO: Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com a maldição que lhe deixem imediatamente.
    Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição vão embora da minha vida agora!’.
(Rebecca Brow — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 19)
2.3.4 — A Maldição Hereditária à Luz das Escrituras
2.3.4a — Etimologia da Palavra “Maldição”
Segundo o Novo Dicionário de Língua Portuguesa, “maldição” vem do Latim “maledictione” e significa o ato ou o efeito de amaldiçoar ou maldizer; praga; desgraça, infortúnio, calamidade.
(NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, pág. 1069)
Existem quatro palavras hebraicas que, geralmente, são traduzidas como maldição. São elas: ‘arar, qälal (no grego, Kataraomai); ‘alâ (gr. Epikataratos);  e qäbab.
‘arar — A palavra hebraica ‘arar é um verbo que tem como raiz ‘-r-r.
Citando Brichto, o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento diz que ‘arar vem da palavra acadiana aräru que tem o sentido de “capturar, prender”.
Segundo o Dicionário, ‘arar significa, portanto, “prender (por encantamento) , cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir”.
(HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 126)
O sentido é de banimento ou estado de inexistência de bênçãos.
Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento71, quando a palavra ‘arar é usada, ela está envolvendo três categorias gerais:
  1. Declaração de punição (Gênesis 3:14,17);
  2. Proferir de ameaças (Jeremias 11:3; 17:5; Malaquias 1:14);
  3. Proclamação de leis (Deuteronômio 27:15-26; 28:16-19).
Assim sendo, todas estas categorias envolvem a consequência da quebra do relacionamento de alguém com Deus, a saber: o estado a que se chegou por ter quebrado a aliança, um estado de separação, de banimento.
‘älâ — Esta palavra é usada 35 vezes no Antigo Testamento.
É um substantivo usado para expressar o juramento solene entre os homens (Gênesis 24:41; 26:28) e entre Deus e os homens (Números 5:21 em diante; Juízes 17:2; 1 Reis 8:31).
A palavra derivada ta’älâ tem o sentido de “punição para um juramento quebrado”. Ela ocorre somente uma vez no Antigo Testamento:
“Tu lhes darás ânsia de coração, maldição tua sobre eles.” (Lamentações 3:65)
Qälal — Esta palavra é usada 42 vezes no Antigo Testamento.
Significa “ser sem importância, insignificante, coisa pouco valorizada”. A raiz desta palavra, q-l-l, ocorre 130 vezes e exprime a ideia de desejar à outra pessoa uma posição inferior.
Em Neemias 13:25, vê-se Neemias pronunciando uma qälal, ou seja, uma fórmula de maldição.
No (apócrifo) 2 Macabeus 4:2 encontramos esta expressão traduzida da seguinte forma: “falar mal de…”
Qelälä é o substantivo derivado de qälal e a ênfase dada neste substantivo exprime a ideia de ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior, ou seja, a fórmula de maldição seria a expressão do estado de maldição… é a ideia (pensamento) da posição de insignificância.
Esta palavra representa o estado descrito e possível (Deuteronômio 11:26; 30:19), enquanto que ‘arar é o próprio estado a que se chegou. O Dicionário internacional de Teologia do Antigo Testamento, tratando sobre isso, comenta da seguinte forma:
“Os pagãos achavam que os homens eram capazes de manipular os deuses. É por isso que Golias amaldiçoou Davi (1 Samuel 17:43) e Balaão foi chamado a amaldiçoar Israel (Neemias 22:6).
Entretanto a maldição infundada não possui efeito algum (Provérbios 26:2) e somente as fórmulas divinas (de bênção e maldição) são eficazes (Salmos 37:22).
Conforme Deus disse a Abraão, ‘os que te amaldiçoarem (qälal)’ — ou seja: pronunciarem uma fórmula — ‘(eu os) amaldiçoarei (‘arar)’ — ou seja: eu os porei na posição de vergonha que te desejarem.
Amaldiçoar o profeta de Deus equivalia a atacar o próprio Deus e a trazer sobre si o juízo divino, como foi o caso com os rapazes que difamaram (cf. qälas) Eliseu e foram por este amaldiçoados (qälal, 2 Reis 2:24)”
(HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 1346)
Qäbab — Uma outra palavra traduzida como maldição é qäbab, que ocorre 15 vezes no Velho Testamento e exprime a ideia de pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo.
A ênfase desta palavra é o poder inerente às palavras para provocarem o mal desejado, aparecendo, principalmente, nas narrativas de Balaão e Balaque (Neemias 23:8). Isso se dá, talvez, porque Balaque cria na possibilidade da magia (fórmulas que prejudicavam ao objeto) e por querer utilizar-se desta magia.
2.3.4b — A Maldição nas Culturas Antigas
Nas culturas antigas, era ordinária a busca pelo sobrenatural quando os métodos naturais não tinham eficácia diante de suas necessidades. Essa busca pelo sobrenatural era conhecida como “magia”.
A magia era “a exploração de poderes miraculosos ou ocultos, por métodos cuidadosamente especificados para atingir finalidades que doutro modo não podiam ser alcançadas.”
Sobre isso comenta Antônio Neves:
“Desde tempos imemoriais se cultivava a magia. A ideia fetichista de que o mundo está povoado de maus e bons espíritos e que os maus podem ser propiciados por meio de oferendas, rezas e tantos outras invenções pagãs, oferecia vasto campo a explorações nas crendices populares. Todos os povos palestinos eram dados a essas práticas, mesmo que não sejam considerados propriamente povo fetichista, mas apenas idólatras.”
(Antônio Neves de Mesquita — ESTUDO NOS LIVROS DE NÚMEROS E DEUTERONÔMIO, pág. 66)
Lothar Coenen também fala da seguinte forma:
“No pensamento da antiguidade, a palavra tem poder intrínseco que é liberado pelo ato de pronunciá-la, e independente deste ato. A pessoa amaldiçoada é assim exposta a uma esfera de poder destrutivo. A maldição opera de modo eficaz contra a pessoa execrada, até que se esgote o poder inerente na maldição.”
(Lothar Coenen — DICIONÁRIO DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO, pág. 184)
No Egito, a magia era efetivada através de rituais que representavam o resultado desejado: se o mágico quisesse destruir o inimigo, ele faria uma imagem de cera de seu inimigo e, em ritual, destruiria o boneco.
A magia também era efetivada através de pronunciamentos de palavras que eram tidas como eficazes para a efetivação do encantamento e, em geral, a magia era utilizada para beneficiar os vivos e os mortos.
Segundo Douglas, as funções das magias egípcias podem ser classificadas da maneira como se segue:
“Defensiva, produtiva, prognóstica, malévola, funerária e operadora de maravilhas.”
(D. Douglas — O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA, pág. 978)
A magia defensiva visava a defesa contra coisas que podiam lhes afligir, como serpentes, escorpiões, etc.
A magia produtiva era utilizada para facilitar diversas ocasiões da vida como o parto, a relação sexual e abrandar más condições atmosféricas.
A magia prognóstica tinha como finalidade a predição de acontecimentos futuros.
A magia malévola, ainda que punida pela lei, era empregada para acometer alguma espécie de mal aos outros.
A magia funerária visava prover capacitação aos mortos para vencerem dificuldades no mundo vindouro.
Por fim, a magia operadora de milagres concedia aos mágicos renome, por desvendar suas habilidades miraculosas.
Os medos e persas também tinham elementos de magia em sua cultura e, principalmente, em sua religião oficial: sua magia originou-se, principalmente, dos sumérios de 3.000 a.C.
O Zoroastrismo é uma religião de origem persa: interessante notar (a fim de ressaltar o envolvimento desta cultura nas artes mágicas) que os sacerdotes do zoroastrismo são chamados de “magi” e esta é a origem da palavra portuguesa “mágica”.
Esta mágica era praticada com o mesmo sentido que era praticada no Egito: visava os interesses tanto dos vivos como dos mortos e, como no caso do Egito, a magia era praticada por sacerdotes eruditos.
Chanplim divide em três as técnicas empregadas pelos medo-persa na magia:
“1. técnicas puramente práticas;
2. técnicas cerimoniais;
3. técnicas que combinam o prático com o cerimonial.
Na magia prática, o indivíduo simplesmente faz algo que foi declarado como bom pelo feiticeiro ou sábio. Realiza certos atos.
Na magia ritualística, há encantamentos e agouros, algumas vezes acompanhados por ritos sacrificiais elaborados. Divindades, demônios, forças cósmicas, forças da natureza, etc., são invocados como auxílios.
Acredita-se que certas palavras revestem-se de poder, e que certas orações, declarações, etc., necessariamente atraem os poderes superiores.
Certos atos podem ser reforçados por rituais e orações, e nisso temos algo que pertence à terceira classificação de técnicas.”
(R. N. Chanplim — ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, pág. 24)
A civilização hindu elaborou-se por volta de 1500 a 800 a.C. e sua religião era marcada pelo conformismo às regras e costumes, como também às práticas mágicas bastante numerosas.
Também era marcada pelo panteísmo, onde a divindade ficava à disposição do homem que pudesse manipulá-la através do sacrifício ou devoção.
A magia nesta civilização era comum e envolvia todos os aspectos da vida: saúde, trabalho, sexo, etc.
Suas principais maneiras de se fazer magia são alistadas por André Aymard e Jean Auboyer:
“Fórmula murmurada (mantra), as transferências dos problemas humanos para objetos ou animais, enfim, encantos e amuletos que devem assegurar a longa vida, curar ou combater as doenças, afastar as más influências, banir os aborrecimentos e sofrimentos, conquistar o amor do ser amado etc.”
(AYMARD et al — O ORIENTE E A GRÉCIA ANTIGA, pág. 241)
A vida da civilização chinesa era marcada pela crença em um mundo divino e demoníaco, cujo favor deve ser buscado.
Para que isso acontecesse, o indivíduo deveria saber quais os deuses e espíritos que lhe correspondiam, a partir de sua posição social, função e dever, no ritual para se buscar o favor desses espíritos:
“A oração tem um valor de certo modo mágico e opera por si mesma, se pronunciada corretamente, no momento desejado e nas circunstâncias pedidas.”
(AYMARD et al — O ORIENTE E A GRÉCIA ANTIGA, pág. 277)
Assim, era comum a crença em maldições.
Para estes povos, a maldição era um desejo exteriorizado em forma de palavras ou, até mesmo, de ritos; estas palavras e ritos, segundo se pensava, tinham o poder intrínseco de realizar o desejo expresso.
William L. Coleman, definindo o termo “encantamento”, diz o seguinte:
“Eram formas de tentar afetar a vida de outrem para o bem ou para o mal por meio de dizeres ou magias. Tais práticas foram largamente empregadas durante o período da história bíblica… Aquele povo tinha muita fé em bênção e maldições.”
(William L. Coleman — MANUAL DOS TEMPOS E COSTUMES BÍBLICOS, pág. 286)
De semelhante forma, Chanplim define encantamento da seguinte forma:
“Os encantamentos são aquelas práticas, comuns entre os povos primitivos, de usar fórmulas verbais ou ritos mágicos que encorajariam os poderes sobrenaturais a entrar em ação, praticando o bem ou o mal, abençoando ou amaldiçoando as pessoas, exorcizando os demônios, provocando experiências místicas ou curando enfermidades. Essas fórmulas verbais são faladas ou entoadas e, geralmente, fazem parte de rituais para todos os tipos de ocasiões.”
(R. N. Chanplim — ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, pág. 362)
Mary J. Evans, também comenta sobre o assunto da seguinte forma:
“Na Mesopotâmia, parece que aquela vida foi dominada lidando com o terror de maldições e agouros.
Estas maldições eram invocadas por indivíduos e a sensação é que os deuses não podiam escolher não agir. A pessoa tinha a impressão que a maldição age totalmente independentemente da relação entre o indivíduo e os deuses dele.”
(Mary J. Evans — "A PLAGUE ON BOTH YOUR HOUSES - CURSING AND BLESSING REVIEWED", pág. 4)
Um exemplo desta crença antiga, é o caso de Balaão e Balaque (Neemias 22,23): Balaque era um rei Moabita que contratou Balaão para amaldiçoar Israel.
As palavras de Balaque expressam sua crença no poder intrínseco das palavras em trazer benefícios ou malefícios ao seu objeto:
“Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; talvez o poderei ferir e lançar fora da terra; porque eu sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.” (Números 22:6)
Já vimos que a palavra hebraica usada por Balaque foi “qäbab”, que exprime a ideia de pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo.
Isto ilustra, como diz Russel Shedd:
“a crença popular que o próprio fato de um profeta prenunciar algo traria o efeito profetizado.”
(Russel Shedd — BÍBLIA SHEDD, pág. 224)
2.3.4c — A Maldição em Gênesis
O nome do primeiro livro da Bíblia vem da palavra hebraica berëshît — “no princípio” — e quando foi transliterada para o grego da LXX, teve o significado de “origem/fonte” e tais nomes são perfeitamente adequados para o teor do livro, que trata das origens de todas as coisas.
Sobre a estrutura do livro, Lasor, Hubbard e Bush, falam da seguinte forma:
“O livro tem duas partes distintas: capítulos 1-11, a história primeva, e capítulos 12-50, a história patriarcal (tecnicamente 1.1-11.26 e 11.27-50.26).
Gênesis 1-11 é um prefácio à história da salvação, tratando da origem do mundo, da humanidade e do pecado.
Gênesis 12-50 reconta as origens no ato de Deus escolher os patriarcas, juntamente com as promessas de terra, posteridade e aliança.”
(LASOR et al. — INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 16)
Desta forma, o livro de Gênesis relata a origem do pecado e, diretamente ligada a ele, a origem da maldição, cuja ocorrência pode ser verificada nos capítulos 3, 4, 9, 12, 27 e 49.
A primeira passagem em que ocorre a palavra “maldição” é:
“Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.” (Gênesis 3:14)
Pode-se perceber neste texto que é impossível separar a maldição do pecado: a palavra hebraica usada aqui para “maldição” é ‘arar, portanto, o sentido aqui é que a serpente seria BANIDA de todos os animais, ou seja, ela passaria a viver em um estado de inexistência de bênçãos devido ao seu pecado e, semelhantemente, o solo (“maldita é a terra por tua causa”) seria impedido de conceder sua fertilidade ao homem, devido ao pecado deste.
É como diz Kaiser:
“Em cada caso foi declarada a razão da maldição:
(1) Satanás logrou a mulher;
(2) a mulher escutou a serpente; e
(3) o homem escutou a mulher — ninguém escutou a Deus.”
(Walter C. Kaiser, Jr — TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 80)
Da mesma forma, Caim foi “maldito desde a terra” (Gênesis 4:11), ou seja, “banido de usufruir de sua produtividade”((HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 126)), ou melhor, “os labores de Caim como agricultor seriam vãos; portanto, ele teria de andar pela terra como um vagabundo”(F. Davidson – O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA, pág. 88) e essa maldição foi consequência de seu pecado, o homicídio.
Da mesma maneira, Canaã tornou-se maldito (Gênesis 9:25), ou seja, foi colocado em um estado inferior.
Como diz Davidson:
“talvez significasse a subjugação final dos cananeus a Israel”
(F. Davidson – O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA, pág. 93)
E Halley:
“Os descendentes de Cão seriam raças de servos”, por ter participado vulgarmente do triste incidente.
(Henry H. Halley – MANUAL BÍBLICO, pág. 74)
Em Gênesis 12:3, essa ideia também é expressa: Deus diz a Abraão que abençoaria o que o abençoassem e amaldiçoaria aos que o amaldiçoassem.
A maldição (‘arar) de Deus — a saber: o estado de inexistência de bênçãos — alcançaria aqueles que desejassem, e expressassem em palavras, esse estado para Abraão.
Nesse mesmo contexto, é importante notar-se o entendimento que Jacó tinha desta ligação do pecado com a maldição: em Gênesis 27: 11-12, vê-se o estratagema de Jacó e sua mãe para usurpar a bênção de Esaú.
Receoso, Jacó diz à sua mãe:
“Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim trarei eu sobre mim maldição, e não bênção.” (Gênesis 27:12)
A palavra hebraica traduzida aqui como maldição é qelälâ e, como já vimos, a ideia básica desta palavra é a ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior.
Desse modo, Jacó tinha receio que suas maquinações lhe provocassem um estado imediatamente inferior do estado de bênção.
Mais à frente (Gênesis 49:7) Jacó novamente expressa este conceito, quando diz que Simeão e Levi eram malditos.
É importante notar que este “rebaixamento” de Simeão e Levi se deu por causa do massacre que infringiram à Siquém.
Portanto, no livro de Gênesis, a maldição está diretamente ligada ao pecado e significa basicamente um estado no qual o indivíduo seria desfavorecido em relação ao estado anterior, em que era abençoado por Deus, por consequência da quebra do relacionamento com Ele.
2.3.4d — A Maldição em Deuteronômio
A origem da palavra portuguesa “deuteronômio” remonta à expressão hebráica ‘ëlleh haddebärîm — “são estas as palavras”.
Esta expressão hebraica foi transliterada para a palavra grega “deuteronomion” — que significa “segundo livro da lei” ou “segundo pronunciamento da lei” — assim, os tradutores intitularam este livro fazendo uma alusão clara a primeira ocorrência da lei, em Êxodo.
Fizeram isso por que o conteúdo do livro é exatamente esse: em Êxodo, Levítico e Números as leis foram promulgadas, agora, prestes a entrar em Canaã, a lei estava sendo recapitulada e, deste modo, pode-se notar que a lei é o tema dominante em todo o livro.
No entanto, diretamente ligado a este assunto, pode-se ver o subtema: maldição, que está presente nos capítulos 11, 27, 28, 29 e 30.
É importante notar que, em todas as ocorrências, a maldição está diretamente ligada com o tema: lei.
O autor adverte:
“Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.” (Deuteronômio 11:26-28)
No capítulo 27, inicia-se uma série de instruções sobre as cerimônias de bênçãos e maldições: seis tribos deveriam subir ao monte Gezirim e as outras seis deveriam subir no monte Ebal — as primeiras realizariam um ritual de bênção e as outras realizariam um ritual de maldição.
A lista de maldições era constituídas por doze declarações, todas iniciavam da forma como se segue: “maldito o homem…” ou “maldito aquele…”.
Esta expressão tem o propósito de revelar o estado decorrente da quebra de mandamentos espirituais, sociais e sexuais.
Nos capítulos 29 e 30 também vemos a mesma proposta dos capítulos anteriores, ou seja: a bênção para os obedientes e a maldição para aqueles que quebrarem a aliança.
Pode-se notar, portanto, que a maldição no livro de Deuteronômio é um estado de ausência de bênção, decorrente da quebra dos mandamentos da aliança. Assim, maldição é consequência; é a “perda da presença e favor especiais de Deus… e a perda da condição de povo do reino de Deus.”
(J. J. Von Allmen — VOCABULÁRIO BÍBLICO, pág. 235)
Lasor resume o assunto com as seguintes palavras:
“A afirmação do apóstolo Paulo, ‘o salário do pecado é a morte’ (Romanos 6:23) é um resumo adequado dessas maldições sombrias e amargas. Desdenhar as exigências da aliança divina ou rebelar-se contra elas era transformar o Salvador em Juiz.”
(LASOR et al. — INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 134)
2.3.4e — A Maldição nos Livros Proféticos
Falando em uma perspectiva histórica, os livros históricos do Antigo Testamento contêm a história da ascensão e queda de Israel.
Os livros poéticos pertencem a era dourada judaica.
Já, os livros proféticos estão inseridos nos dias da queda de Israel.
Os livros proféticos são 17, contendo 16 autores e, desses, 13 relacionaram-se com o período de destruição da nação hebraica e 3 com a restauração da mesma.
O período dos profetas cobriu por volta de 400 anos — de 800 a 400 a.C. — tendo se iniciado com a apostasia das dez tribos ao término do reinado de Salomão.
O reino do norte adotou como religião oficial o culto ao bezerro — uma estratégia política — e, logo depois, somaram Baal ao culto, deixando consequentemente o culto a Javé.
O ápice desta apostasia e o acontecimento central deste período foi a destruição de Jerusalém.
7 dos 16 profetas estiveram diretamente relacionados a este acontecimento e tal fato histórico desencadeou a maior intensidade de atividade profética para, se possível, evitá-lo.
A mensagem profética é resumida por Halley da maneira como se segue:
“1. Procurar salvar a nação de sua idolatria e impiedade;
1a. Falhando nisso, anunciar que a nação seria destruída.
2. Não porém completamente destruída. Um remanescente seria salvo.
3. Do meio desse remanescente sairia uma influência que se espalharia pela terra e traria a Deus todas as nações.
4. Essa influência seria um grande Homem, que um dia se levantaria na família de Davi. Os profetas chamaram-no de ‘REBENTO’.
A árvore da família de Davi, que fora a mais poderosa do mundo, foi cortada nos dias dos profetas, para governar um reinozinho desprezado que tendia a desaparecer; uma família de reis sem reino: esta família faria uma volta espetacular e, reaparecia, do seu tronco brotaria um renovo, um rebento tão grande que se chamaria O Rebento.”
(Henry H. Haley — MANUAL BÍBLICO, pág. 253)
Lasor também da uma contribuição ao assunto dizendo:
“Um estudo cuidadoso dos profetas e de sua mensagem revela que estão profundamente envolvidos na vida e na morte da própria nação. Ele falam do rei e de suas práticas idólatras, de profetas que dizem o que são pagos para dizer, de sacerdotes que não instruem o povo na lei de Javé, de mercadores que empregam balanças adulteradas, de juízes que favorecem o rico e não oferecem justiça ao pobre, de mulheres cobiçosas que levam o marido a práticas malignas para que possam nadar no luxo.”
(LASOR et al. — INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 247)
Pode-se notar, portanto, que a mensagem profética está diretamente ligada com o pecado do homem, ou seja, Israel e as nações haviam infringido as leis de Deus e agora estavam sendo exortados a arrepender-se e, se não o fizessem, estariam a mercê do julgamento divino.
A palavra “maldição” (e seus derivados) encontra-se em 25 capítulos dos livros proféticos.
É relevante destacar que, em todas essas referências, a maldição possui o mesmo significado que possui em Gênesis e Deuteronômio, ou seja, um estado de ausência de bênçãos por consequência do pecado.
Assim, Isaías, profetizando contra Tiro, diz:
“Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna. Por isso a maldição tem consumido a terra; e os que habitam nela são desolados; por isso são queimados os moradores da terra, e poucos homens restam. (Isaías 24:5-6)
Da mesma forma, profetizando contra Israel, Jeremias diz:
“Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito; e sereis objeto de maldição, e de espanto, e de execração, e de opróbrio, e não vereis mais este lugar.” (Jeremias 42:18)
Também neste mesmo teor, pode-se ver Daniel chegando à conclusão do motivo do sofrimento da nação:
“Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele.” (Daniel 9:11)
Zacarias também expressa o mesmo pensamento quando diz que a maldição alcançará todo aquele que não guardar toda a lei (veja Zacarias 5:3) e, também, Malaquias, quando diz que os sacerdotes seriam infligidos pela maldição por não temerem ao Nome de Javé (Malaquias 2:1).
Nos livros proféticos, portanto, bem como nos livros já estudados, a maldição está ligada diretamente com a desobediência à lei de Deus. Esta maldição é o estado a que se chegou por ter-se rebelado contra o Sagrado.
2.3.4f — A Maldição e Satanás
Faz-se relevante aqui, esclarecer a relação da maldição veterotestamentária e a ingerência de Satanás.
Rebecca Brown, em seu Livro “Maldições não quebradas”, explica que as maldições podem ser divididas em categorias.
Essas categorias são: as maldições dadas por Deus, as maldições feitas por Satanás e os seus subalternos com direito para fazê-lo, e as maldições feitas por Satanás sem direito para fazê-lo.
A crença na maldição respaldada por Satanás é corroborada pelo renascimento do dualismo Zoroastrista, onde se cria que, no universo, existem duas forças iguais em poder e força, lutando entre si para dominar a espécie humana… e tal concepção tem sido difundida em larga escala no meio evangélico.
Todavia, não encontra respaldo bíblico: não se encontra um texto sequer onde esteja descrito que Satanás tem o poder autônomo de amaldiçoar alguém ou algo sem a devida autorização divina!
O conceito, principalmente veterotestamentário, é que a maldição está diretamente ligada à quebra da aliança com Deus: o pensamento bíblico é que o homem sofre as consequências de seu estado de rebeldia contra Deus.
Assim, a maldição é um estado a que se chegou, decorrente da rebelião contra as leis de Deus.
Talvez sejamos tentados a pensar que Satanás estava por trás dos deuses antigos, de forma que, quando as imprecações eram pronunciadas, era satanás que agia para que estas se cumprissem.
No entanto, precisamos atentar para dois fatos:
  1. A crença, como já vimos, no poder autônomo das imprecações respaldadas por espíritos era própria das nações vizinhas de Israel e não era compartilhada pelos homens de Deus;
  2. Isaías (Isaías 44:9 em diante) argumenta que os deuses são sem valor, não tem poder algum para livrar quem quer que seja;
Desse modo, não se pode crer que estes deuses tivessem a capacidade de amaldiçoar.
Sobre isso, o dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento é feliz em comentar:
“Que tais fórmulas existiram por todo o mundo antigo ninguém nega. Mas a diferença entre elas e as do AT são adequadamente ilustradas nesta citação de Fensham:
‘A execução mágica e mecânica da maldição (…) aparece em tremendo contraste com a abordagem egoteológica dos escritos proféticos (…) o ego do Senhor é o elemento central da ameaça, e execução e a punição de uma maldição. (…) As maldições do antigo Oriente Próximo, que aparecem fora do AT, são dirigidas contra a transgressão da propriedade privada (…) mas a obrigação ético-moral relacionada com o dever que se tem perante Deus de amar ao próximo não é sequer mencionada’”.
(HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 127)
2.3.4g — A Bíblia Orienta a Fazer Árvore Genealógica?
O conselho dos mestres da maldição hereditária para se fazer um histórico familiar, a fim de colher informações sobre alguma maldição que porventura tenha entrado na família, não encontra respaldo bíblico.
Uma primeira consideração a ser feita é que a Bíblia nos ensina que cada um é responsável por aquilo que faz.
O profeta Ezequiel fala sobre isso:
“E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” (Ezequiel 18:1-4)
No contexto deste texto, muitos estavam colocando a culpa de seus fracassos em seus antepassados, mas Deus trata com cada um individualmente.
É claro que, com os pecados dos pais, os filhos podem colher o fruto deste pecado, sendo influenciados a cometerem os mesmos pecados, e a sofrerem as consequências disto (Gálatas 6:7): no entanto, isto é quebrado quando a geração se arrepende de seu pecado.
A Bíblia nos diz que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Romanos 14:12): não se pode arrepender-se em lugar de outro.
Uma segunda consideração a ser feita é que fazer árvores genealógicas assemelham-se muito com a prática da seita mórmon: eles fazem isso com o intuito de resolver problemas espirituais de seus mortos, através do batismo pelos mortos e ISSO É ANTIBÍBLICO!!!
A Palavra de Deus condena tal prática (1 Timóteo 1:4; Tito 3:9).
O texto bíblico mais usado para apoiar a ideia da árvore genealógica é:
“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:5-6)
Para aqueles que costumam procurar textos bíblicos para apoiar seus conceitos, este é um “prato cheio”… no entanto, precisamos fazer algumas considerações a respeito deste texto:
  1. Os números não devem ser encarados literalmente;
  2. O contexto trata do pecado de idolatria;
  3. O texto trata daqueles que “aborrecem a Deus”;
  4. O texto trata das consequências do pecado que refletem até outras gerações;
  5. Deve ser interpretado à luz de Ezequiel 18.
2.3.4h — Espíritos familiares à Luz das Escrituras
A base bíblica que os mestres da doutrina de quebra de maldições apresentam para apoiar o pensamento de “espíritos familiares” é Levítico 19:31 (na versão King James):
“Não vos voltareis para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor.”
Sobre este texto, Robson Rodovalho escreve:
“É esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria, passam de geração a geração.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 12)
Se este é o único texto — e é o único! — para apoiar a doutrina de espíritos familiares não é difícil chegarmos à conclusão de que não tem base bíblica…
O Velho Testamento foi escrito em hebraico e não em inglês: por isso faz-se necessário consultarmos o hebraico!
A palavra em questão é “‘ob” — esta palavra indica “aqueles que consultam espíritos”: literalmente é “o vaso” ou “instrumento dos espíritos”.
Portanto, a feiticeira de Endor é uma ‘ob (1 Samuel 28).
Em Levítico 19:31, o povo de Israel é instruído a ficar longe destes ‘ob!
Uma série de outras passagens envolvendo a palavra ‘ob, pode ser encontrada nas Escrituras — Levítico 20:27; Deuteronômio 18:10-11; Isaías 8:19 — sempre denotando pessoas que se envolvem na consulta de mortos.
Àquilo que os mestres da quebra de maldição chamam de espírito de prostituição, de inveja, de lascívia, etc., a Bíblia chama de obras da carne (Gálatas 5); e só se podem ser vencidas quando há o arrependimento do pecado através da submissão ao Espírito Santo (Gálatas 5:16; 1 Coríntios 6:9-11).
Penso que é mais fácil culpar a outros pelos próprios erros do que reconhecer o seu próprio.
É mais fácil repreender demônios, responsabilizando-os pelos pecados que cometemos, do que arrepender-se e buscar no Senhor a restauração.
Mas, não é esse o caminho que nos leva à santidade.
Fontes: Ministério CACP
Adaptação e Atualização: Teophilo Noturno