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Continuação da postagem anterior.
3 — O MÉTODO BÍBLICO DE BATALHA ESPIRITUAL
Como se deve guerrear contra o inimigo?
Quais são as armas disponíveis?
As Escrituras nos dão o método de combate que deve ser seguido se quisermos ter, realmente, vitória contra as força demoníacas.
A seguir veremos as armas de ataque que estão à nossa disposição.
3.1 — AS ARMAS DE ATAQUE
3.1.1 — A Pregação do Evangelho
Eis uma arma eficaz contra o inimigo: a pregação da verdade!
“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10:13-17)
Diante desta maravilhosa declaração do apóstolo Paulo, pode-se chegar à conclusão que a pregação do Evangelho é poderosa, por si só, para salvar o perdido. A fé vem pela pregação da Palavra de Deus e não através de “orações de guerra”.
Champlin comenta sobre este texto da seguinte forma:
“O propósito da pregação cristã é o de despertar a fé nos homens, dirigindo-lhes a alma para o seu destino apropriado. Paulo reitera aqui a mensagem constante nos versículos catorze e quinze, mostrando que a pregação com que os missionários da cruz obtinham convertidos, e que precisava ser ouvida para que pudesse haver fé, é a mensagem de Cristo.”
(R. N. Champlin — O NOVO TESTAMENTO INTREPRETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO, pág. 780)
Está escrito:
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)
É a verdade de Deus, Cristo, que liberta!
Não é ordenando a demônios que liberem as pessoas: este poder quem tem é o evangelho e é exatamente por isso que devemos comunicá-lo!
Jesus não comissionou seus discípulos a “amarrar” demônios nas regiões celestiais, mas comissionou-os a pregar o Evangelho:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15)
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28:19)
O apóstolo Paulo, quando se converteu, foi logo pregar o evangelho na sinagoga (Atos 9:20); em suas viagens missionárias pregava o evangelho (Romanos 15:18-20); exortou ao seu filho na fé, Timóteo, que pregasse a Palavra (2 Timóteo 4:2); e, no final de sua carreira, quando estava preso, ainda pregava o evangelho (Atos 28:31).
Jesus Cristo e o apóstolo Paulo enfatizaram a pregação do evangelho como arma para converter os incrédulos.
Se “amarrar” e “destituir” principados e potestades antes de anunciar a Cristo fosse tão importante, porque Jesus e Paulo não nos chama atenção para um fator tão importante?
Sobre isto Ricardo Gondim comenta:
“O triunfo dos cristãos na batalha espiritual acontece muito mais como o resultado da proclamação da verdade que confrontos de poderes. O poder por si só não pode libertar os cativos. A verdade liberta.”
(Ricardo Gondim — OS SANTOS EM GUERRA, pág. 174)
O evangelho de Cristo é, em si mesmo, poderoso para a salvação daqueles que creem.
É claro que pode-se variar nos métodos de comunicação deste; no entanto, não se pode fiar nestes métodos para a salvação do perdido.
3.1.2 — Intercessão
A palavra “intercessão” vem do latim — “intercedere” — e significa “ficar entre”.
No caso da oração é aplicada ao ato da petição, súplica a Deus por algo ou alguém.
Paulo, em sua carta a Timóteo, reconhece o valor da súplica em parceria da pregação do evangelho para a salvação:
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. (1 Timóteo 2:1-4)
É necessário observar-se que a forma de oração que Paulo exorta para que se faça é: súplica, intercessão e ação de graça.
Quando se olha para a oração que Paulo exorta a ser feita, pode-se denominá-la de “oração evangelística”: esta é a oração — constituída por súplicas, intercessões e ações de graça — feita por todos homens, com o propósito de viver-se tranquilamente e salvar aqueles que estão perdidos.
A intercessão é uma arma para lutar contra o diabo pelas vidas que estão perdidas.
O apóstolo Paulo ainda fala sobre o valor da oração:
“E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho.” (Efésios 6:19)
Percebemos que, quando se observa os modelos de oração nas Escrituras, palavras do tipo “suplicar”, “rogar”, “segundo a tua vontade”… são comuns e significativamente repetitivas.
Elas têm grande significado para o cristão: nelas encontra-se intrínseca a confiança em Deus para todas as ocasiões da vida, inclusive para o dever de evangelização.
O evangelismo deve ser recheado pela oração, assim como fez Jesus (Marcos 1:35) e os apóstolos (Atos 4:31); mas esta oração, para ser eficaz, deve ser feita a Deus, o Pai da luzes, e não ao diabo!
3.2 — AS ARMAS DE DEFESA
Quando o cristão vale-se das armas de ataque, bíblicas, para saquear o território do inimigo, é lógico que este irá reagir.
E quando isto acontecer… o que fazer?
Ao descrever a armas espirituais do crente, Paulo diz o propósito:
“… para que possais resistir no dia mau.” (Efésios 6:13b)
Este vocábulo, “resistir”, é um verbo — do grego, αντιστηναι — que exprime a ideia de opor-se, defender-se, fazer face a, colocar-se contra, permanecer firme.
A ideia que expressa por este vocábulo é a de não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não lhe conceder nenhuma vantagem ou vitória.
Ele aparece, também, em passagens como Tiago 4:7 e 1 Pedro 5:9.
A pergunta é: como resistir, opor-se, fazer face ao diabo?
Em Efésios 6:14-17, Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da armadura de Deus.
3.2.1 — A Armadura de Deus
Quando Paulo cita a armadura, ele tinha em mente o soldado romano, preparado para a guerra: ele usa esta figura para exemplificar a luta do crente e como este pode vencer.
A metáfora denota o revestimento do Senhor Jesus que o crente deve ter: todas as partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo crente através do Espírito Santo.
Alguns “vestem” a armadura ao proferir algumas orações, como algo místico de eficácia instantânea… no entanto, não creio que essa fosse a intenção que Paulo tinha em mente.
É certo que o apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus, estava pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do próprio Cristo.
Portanto, essa é a arma que Deus nos oferece para resistir no dia mau.
A seguir, veremos as armas de defesa que as Escrituras nos oferecem:
3.2.1a — A Verdade
O cinto, ou cinturão, era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a armadura em volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.
Esta verdade poderia, muito bem, significar a verdade moral — o oposto da mentira — o que seria lógico, pois satanás é o pai da mentira!
No entanto, é certo que o significado desta verdade, exposta por Paulo, vai muito além do significado de verdade ética: considera-se que esta verdade é a verdade de Deus, ou seja, a verdade cristã — o conjunto das doutrinas cristãs — que é o que sustenta tudo o mais (conforme o mesmo uso da palavra denota em Efésios 4:15).
3.2.1b — A Justiça
A couraça era uma peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça, tinha a finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.
Paulo, ao usar esta peça como metáfora, para exemplificar a justiça, tinha em mente a justificação. Em Romanos 8 ele comenta que nada poderá condenar o crente, pois é Deus quem o justifica. Isso quer dizer que:
- Não podemos confiar em nossa própria justiça, ou santidade, para vencer o inimigo, mas confiar na justiça que vem de Deus, através do sacrifício de Jesus; por isso, é que nada, nem anjos nem potestades, poderá nos separar do amor de Deus;
- Quando somos justificados, o Espírito Santo opera em nós a obra da santificação; uma obra conjunta com o crente, no qual, este, assume, de forma gradual, o caráter de Cristo, em particular, o caráter justo — Paulo aplica este termo, desta forma, em Efésios 4:24 e 5:9.
3.2.1c — O Evangelho da Paz
A sandália romana, usada como figura pelo apóstolo Paulo, era feita de couro e possuía vários cravos, formando uma camada espessa.
Esta peça tinha a finalidade de proteger os pés do soldado onde quer que ele fosse.
Para esta peça, são usadas algumas interpretações, como a que diz que Paulo está se referindo ao evangelismo.
No entanto, é preferível a interpretação de que Paulo se refere à paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, que o Evangelho proporciona: esta paz é a tranquilidade mental e emocional — oriunda da consciência da plena aceitação da parte de Deus — que o crente tem por onde vai, e em toda e qualquer situação.
3.2.1d — A Fé
O escudo, usado como ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo inteiro do soldado: era formado de duas partes de madeira, recobertas de lona e, depois, de couro.
Aqui, o apóstolo Paulo, refere-se a fé salvífica — de acordo com o contexto de Efésios 1:15, 2:8; 3:12 — que produz entrega total da alma do crente a Cristo.
É a crença que Cristo, como Senhor, domina, controla e dirige todos os aspectos da vida do crente.
Esta fé tem a eficácia de anular os dardos inflamados o maligno.
3.2.1e — Salvação
O capacete, usado por Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal, sendo usado para proteger o soldado dos possíveis golpes de espada proferidos contra sua cabeça.
A salvação do crente — recebida pela graça divina mediante a fé — é o que o livra dos ataques aterradores do diabo: é uma proteção divina para o guerreiro que é crente.
Quando a pessoa é salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está escondida em Cristo e o diabo não a toca.
É interessante notar que todas as demais peças da armadura eram vestidas pelo guerreiro, mas o escudo era recebido: o seu escudeiro colocava nele!
Isso denota a graciosidade da salvação, que é pela graça e, por isso, de graça!
3.2.1f — A Palavra de Deus
Poder-se-ia pensar que a espada é uma arma de ataque — e realmente o é — no entanto, ela, também, pode ser usada como defesa… e o contexto do texto de Efésios nos dá o subsídio necessário para pensar que, aqui, ela é usada para defesa.
O que Paulo queria dizer usando a espada como ilustração?
Certamente ele estava falando da atuação do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a Palavra de Deus uma força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna vigoroso o uso que fazemos dela.
Assim como a espada é morta quando não manuseada, assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida de quem a lê: a Palavra de Deus, respaldada pelo Espírito Santo, dá vida e é mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, sendo apta até mesmo para discernir as intenções do coração (veja Hebreus 4:12).
Alguns interpretam este texto como se dissesse para usar a declaração de versículos contra o diabo… no entanto, o diabo não corre da mera declaração de versículos, mas, sim, da eficácia que a operação das Escrituras, através do Espírito Santo, obtém na vida do crente.
4 — OS BENEFÍCIOS DO MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL
Seguindo o conselho do apóstolo Paulo de “… examinar tudo e reter o bem”, agora vejamos o que de bom acrescentou o movimento de Batalha Espiritual à Igreja.
4.1 — ALERTA À GUERRA ESPIRITUAL
Líderes eclesiásticos, vivem — ainda que creiam na existência do inimigo — totalmente desapercebidos da guerra que se trava no mundo espiritual e, por isso, deixam de manejar as armas que Deus nos oferece.
Por sua vez, os novos convertidos passam a frequentar igrejas possuindo a cosmovisão de achar que, depois de convertidos, está tudo bem; não são cônscios da batalha que começaram a enfrentar no âmbito espiritual.
Não concordo com a teologia do Movimento de Batalha Espiritual (conforme foi evidenciado biblicamente neste trabalho), no entanto creio que foi permissão de Deus para que o Seu povo tomasse consciência da luta espiritual que estamos envolvidos e seguisse o conselho do apóstolo Paulo:
“Porque não ignoramos os seus ardis.” (2 Coríntios 2:11)
4.2 — ÊNFASE NO EVANGELISMO
Por vezes, a Igreja é tentada a acomodar-se entre as quatro paredes do templo e esquecer-se da grande comissão.
É real a cosmovisão eclesiástica — errônea, por sinal — de achar que evangelismo é só para missionários ou pessoas tecnicamente preparadas para isso.
Não concordo com a visão do movimento de Batalha Espiritual a respeito do evangelismo, no entanto, seus líderes — até onde tenho conhecimento — estão realmente preocupados e envolvidos com evangelismo.
Essa influência é extremamente benéfica a um povo que acomoda-se em sua “vidinha” terrena, em seu individualismo.
4.3 — ÊNFASE NA ORAÇÃO
A oração é a chave para uma vida de comunhão com Deus: por trás da oração se encontra um coração ardente de amor por Deus e entregue aos Seus cuidados.
Infelizmente, muitos crentes dormem para essa realidade e vivem uma vida espiritual raquítica.
Não concordo com o que se diz no MBE sobre a oração, como sendo palavras de autoridade contra o diabo; no entanto considero louvável a ênfase que se dá à oração, pois, indubitavelmente, Jesus, em seu ministério, orou e são necessários, também, homens e mulheres de oração.
5 — OS PERIGOS DO MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL
Infelizmente, o Movimento de Batalha Espiritual oferece mais perigos do que benefícios para a Igreja.
Abaixo veremos que perigos são esses.
5.1 — AS FONTES DE INFORMAÇÃO
As Escrituras são a única regra de fé e de prática.
Nada pode tomar esse lugar que lhe é próprio: nem os estatutos eclesiásticos, nem as experiências pessoais!
O movimento de Batalha Espiritual trás — e se baseia nelas para suas doutrinas — muitas informações que não procedem das Escrituras.
A pergunta que se segue é esta:
Se não vem da Bíblia, de onde vem?
Vejamos — com a finalidade de saber de onde vem as informações que nos são passadas — algumas declarações dos expoentes da Batalha Espiritual.
Em uma apostila sobre uma “profecia” concedida a Magnólia de Campos Araújo, Mátiko Yamashita, do ministério de Batalha Espiritual, concede algumas informações sobre Espíritos demoníacos.
O interessante é que ela repete, insistentemente, a fonte com a qual obteve tais informações:
“Eu comando o sheol. Sou capaz de transformar pedra em pão””, disse Lúcifer. “Perguntei sobre Nimrod: disse que é comandante geral de batalha e guerra de sombras. Perguntei sobre o príncipe do Brasil: Atualmente está vago, pois yemanjá foi destronada no dia 12 de outubro de 1.990.”
Depois disso, Mátiko fala sobre o Buda e escreve:
“Segundo o Buda, há tipos de bonzos: os de roupa amarela e de grená. Este é feroz, é como javalí e se transformam em javalis ( grifo meu)”. Também fala do “Minotauro ou tauro: segundo sua informação é anjo caído. É gênio de destruição (grifo meu)”.
Depois, Mátiko cita como obteve tais informações:
“Recebemos as revelações no dia 3.11.90, quando fomos fazer um trabalho de libertação na casa da Silvia, e o minotauro e o centauro dominavam e controlavam outro demônio de casta mais baixa, chamado “amoran”, tipo de uma lesma que atua nos homossexuais. São destituídos de inteligência, se alimenta apenas de carne do homem, isto é todo tipo de pecado sexual pervertido. Só pode ser exterminado, dividindo em dois ou queimando com o “o fogo do Espírito”, não se expulsa, pois ele não entende a linguagem dos humanos”.
Mátiko segue citando sobre o centauro:
“Quando a morte pairar sobre a cabeça dos cristãos, diz Zohohet, que eu, Magnólia vou ver centauro. Diz Zohohet: avisa a igreja. Diz que vai voltar para falar mais.”
Mátiko segue comentando da seguinte forma:
“Todas as informações foram dadas sob juramento, no dia 04.11.90 para Magnólia Campos de Araújo.”
E também:
“Estas informações foram dadas pela Pomba-Gira, à Magnólia Campos Araújo.”
Outra vez fala:
“Segundo o próprio demônio, ela amacia o caminho para outros agentes de destruição do sexo. Desfaz casamentos.”
Gostaria de ter palavras para exprimir minha completa indignação diante de tais declarações. Temo não ter as palavras adequadas, mas iremos esforçar-nos para tal.
Magnólia está assumindo o papel de profetiza do diabo. Ele fala, ela repete. Ele manda avisar para a igreja e ela avisa.
Fico imaginando como tais informações devem chegar ao ceio de nossas igrejas: o diabo fala, alguém ouve e repete e um pastor — como a Mátiko — sem compromisso com as Escrituras, ensina para a Igreja porque “não tem nada melhor para ensinar”.
Os membros ficam impressionados com tais informações e começam a propagá-las e, daí, se forma o que Paulo disse:
“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.” (1 Timóteo 4:1)
Penso que as informações sobre demônios — seus nomes, características, onde moram, etc. — vêm do próprio diabo e, de acordo com João 8:44, não creio que esta seja uma fonte fidedigna!
5.2 — O PRAGMATISMO
O termo “pragmatismo” foi cunhado do vocábulo grego “pragma” que quer dizer: ato, coisa, evento, ocorrência, fato, matéria.
O pragmatismo ensina que conceitos, ideia e pensamentos só têm valor quando seguidos de consequências práticas.
A despeito da verdade, o pragmatismo diz que somente as ideias que produzem consequências; ou seja, se funcionam, é porque são verdadeiras; em outras palavras, aquilo que funciona tem, por de trás, um princípio verdadeiro.
Este pensamento filosófico nasceu nos E.U.A, em meios do fim do séc. XIX para o séc. XX. Influenciou extremamente o ensino norte-americano, inclusive os seminários evangélicos.
Os principais filósofos pragmáticos foram: Charles Sanders Peirce, William James, Royce, entre outros.
Levando a bandeira do pragmatismo, estão os pregadores da Batalha espiritual. Invariavelmente, para respaldar suas ideias, selecionam experiências, e dizem: se deu certo...é de Deus.
Vejamos o que diz Peter Wagner sobre isso:
“Sou um teórico, mas sou um daqueles que tendem por defender teorias que funcionam. Meu principal laboratório, onde submeto a teste essas teorias, tem sido a Argentina, pelo que o leitor lerá sobre muitos incidentes que ocorreram naquele país.”
(C. Peter Wagner — ORAÇÃO DE GUERRA, pág. 13)
Em outra ocasião, ele fala da seguinte forma:
“Sou uma pessoa muito pragmática, no sentido de que as teorias que mais me atraem são aquelas que funcionam.”
(C. Peter Wagner — ORAÇÃO DE GUERRA, pág. 26)
Diante de tal perspectiva filosófica, podemos responder com as palavras de Claudionor Corrêa de Andrade:
“A experiência tem demonstrado, porém, ser o pragmatismo mui relativo. O que é útil, hoje, pode não o ser amanhã. Exemplo: a escravidão. O que foi considerado útil nos séculos passados, hoje é tido como desrespeito aos direitos humanos. O pragmatismo, por conseguinte, é próprio das sociedades totalitárias. A utilidade imediata quase sempre é efêmera.”
(Claudionor Corrêa de Andrade — DICIONÁRIO TEOLÓGICO, pág. 206)
Quando estudamos a doutrina cristã, um dos assuntos que, primeiramente deve ser encarado é a fonte da qual extrairemos nosso conhecimento.
Existem várias abordagens: teologia natural, tradição, experiência e Escrituras: aqueles que decidem-se pelas Escrituras tomam-nas “como o documento definidor ou a constituição da fé cristã” — ela é a regra de fé e prática — esta é a atitude tomada no meio ortodoxo.
Aqueles que optam pela experiência religiosa (pragmáticos), consideram que ela provê informações divinas autorizadas. Esta última posição é extremamente perigosa.
O Apóstolo Paulo nos advertiu:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8)
Note que a autoridade é o Evangelho e não a experiência. Para Paulo, a verdade é absoluta, e mesmo que experiências queiram provar ao contrário, consideremos tal coisa anátema.
É certo que a Palavra de Deus é respaldada pelas experiências sobrenaturais de pessoas, no entanto, nem toda experiência resultou em doutrina cristã: é extremamente perigoso respaldarmos nossas convicções, conceitos e doutrinas em experiências, por que as experiências são relativas.
Não podemos usar métodos apenas porque funcionam, devemos usar métodos se são bíblicos: não devemos crer que tal coisa é de Deus apenas porque funciona, devemos crer porque possui respaldo bíblico.
Assim pensando, ou seja, como os pragmáticos, segue-se que o Islamismo é uma religião de Deus, pois é a que mais cresce no mundo!
No entanto, seus conceitos são diabólicos e, diante disso, podemos concluir que nem tudo aquilo que dá certo… é de Deus!
Sobre isso, Champlin, também comenta da seguinte forma:
“Existem grandes verdades espirituais que em coisa alguma são afetadas pela experimentação humana...Tentar investigar a verdade exclusivamente através de meios pragmáticos, limitados à experiência humana, é abordar a verdade de uma maneira muito parcial.”
(R. N. Chanplim — ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, pág. 354)
A filosofia pragmática tem inserido sérios problemas doutrinários na igreja, e a doutrina de batalha espiritual é um deles.
5.3 — CONFUSÃO ENTRE OBRA DO DIABO E OBRA DA CARNE
Um outro perigo doutrinário que assedia o movimento de batalha espiritual é a confusão feita entre as obras da carne e as obras do diabo: costumeiramente, quando alguém está envolvido em algum pecado, atribui-se este envolvimento a espíritos malignos.
Desse modo, uma prostituta é prostituta por causa do espírito de prostituição que a possui…
De forma semelhante, se um crente rouba é por que o espírito de roubo o influenciou…
Nesta concepção, para extirpar determinados costumes nas vidas das pessoas, é necessário identificar o demônio que lhe acedia e repreendê-lo.
Daí vem a nomenclatura dos espíritos: “de lascívia”, “de inveja”, “de fofoca”, “de dissolução”, etc.
A Bíblia chama estas manifestações — que os mestres da batalha espiritual chamam de espíritos — de obras da carne (Gálatas 5): o homem é responsável pelos seus atos e, como tal, deve reconhecê-los, arrepender-se e deixá-los (1 João 1:5-9; 2:1-2).
A Bíblia não nos instrui a repreender espíritos quando estamos em pecado: devemos tratar o pecado como pecado, que é a escolha pessoal de rebelar-se contra Deus.
O diabo é tentador e, como tal, vive para induzir o homem ao erro; no entanto, o homem peca devido à sua escolha de rebelar-se contra Deus, devido à sua natureza pecaminosa e, por isso, ele é responsável pelos seus atos.
5.4 — DIZER QUE É A REVELAÇÃO DE DEUS PARA OS DIAS ATUAIS
Quando não encontram mais argumentos para defender suas ideias, os pregadores do movimento de batalha espiritual tendem a dizer que esta é uma revelação de Deus para os últimos dias.
Através da análise de textos — como Atos 2:16-17; 1 Coríntios 10:11; 1 João 2:18 — pode-se perceber que os apóstolos já viviam nos últimos dias.
Será que Paulo era tão imaturo na fé para que Deus não o revelasse este ensino?
Será que o Cânon ainda não foi concluído, necessitando, portanto, que livros de batalha espiritual sejam inseridos?
Se a igreja do primeiro século não tinha esta revelação, porque obteve tanto sucesso evangelístico?
Não se pode confiar em qualquer revelação só porque ela contém a fórmula: “assim diz o Senhor”.
Dessa forma fizeram Charles T. Russell — que começou a seita Testemunhas de Jeová — dizendo-se ter uma nova revelação; também Ellen Golden White — detentora de novas revelações e grande propagadora do Adventismo do sétimo dia.
Podemos citar, também, Joseph Smith, que recebeu revelações e, por isso, fundou a seita mórmon.
Não descreio em revelações, porém penso que estas precisam ser analisadas à luz das Escrituras, pois não possuem autoridade final.
A credulidade dos crentes é cativa à Palavra de Deus e não se pode obrigá-los a crer em algo que não é bíblico. Diante disso, gostaria de citar, novamente, as palavras do apóstolo Paulo:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8)
CONCLUSÃO
Neste trabalho, estivemos observando o que as Escrituras têm a nos dizer sobre guerra espiritual.
Vimos, também, sobre o novo MBE: sua origem, seus ensinos, suas estratégias de guerra.
Fizemos isso, com o objetivo de analisar, à luz das Escrituras, o MBE e, em seguida, oferecemos a solução bíblica para a guerra espiritual.
Deste trabalho, podemos observar que o Movimento compromete as doutrinas cristãs ortodoxas como: a soberania de Deus; a suficiência da obra da cruz para a salvação do homem; e, para aniquilar as obras do diabo, são comprometidas.
Hoje, ao invés de pastores ensinarem seu povo sobre a soberania de Deus, o valor da intercessão e o poder do evangelho, estão ensinando o poder que o diabo tem e as “estratégias” para combatê-lo!
O resultado disso é que encontramos pessoas com cada vez mais medo do sobrenatural, outras considerando-se o ápice da espiritualidade, os detentores da revelação e, exacerbadamente, legalistas.
O argumento comum para se explicar a ênfase que dão ao diabo é que “o primeiro princípio de guerra é se conhecer muito bem o inimigo”.
Concordo, em parte: a qualquer guerra este princípio é fundamental, entretanto, a batalha espiritual que travamos já foi ganha na cruz do calvário!
É claro que não devemos ignorar os ardis do inimigo, mas devemos nos aplicar a conhecer mais ao Senhor e não ao diabo, pois quanto mais conhecemos àquele que servimos, percebemos que o diabo não passa de criatura diante do Criador.
O povo de Deus tem perecido, não por falta de conhecimento de quem é o inimigo, mas por falta de conhecimento de quem é o Criador!
Por isso, como nunca, precisamos de uma volta às doutrinas básicas da fé cristã e, para isso, precisamos orar para que Deus levante verdadeiros mestres que tenham compromisso com a verdade das Escrituras e não com o resultado das igrejas cheias.
Fontes: Ministério CACP
Adaptação e Atualização: Teophilo Noturno
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