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Racionalismo Cristão (RC) é um grupo religioso formado do espiritismo kardecista no Brasil.
Enquanto no espiritismo kardecista se dá lugar ao curandeirismo, o RC se distingue dele pela não aceitação de qualquer tipo de manifestação sobrenatural no campo das chamadas curas psíquicas.
Afirma que não admite o sobrenatural nem o misticismo.
De certo modo, o RC não passa de um espiritismo com as práticas e ensinos fundamentais do kardecismo, apenas com nova nomenclatura.
Auto definindo-se, assim declara:
“Ao Racionalismo Cristão cabe uma grande e sublime missão, ainda que bem árdua e por muitos não compreendida: restabelecer a Verdade e reimplantar os magníficos ensinamentos de Jesus na Terra.”
Tentando justificar o título de cristão, frequentemente se vale do nome de Cristo para dar consistência de se tratar um grupo religioso autenticamente cristão. Então lemos mais:
“O RACIONALISMO CRISTÃO explica que Cristo não foi um ‘milagreiro’, mas apenas se utilizou das leis naturais e imutáveis que regem o Universo.”
Justificando o título “racionalismo”, assim explica a razão desse vocábulo ao lado da palavra Cristão, dizendo:
“Sempre ensinamos no RACIONALISMO CRISTÃO que ninguém deve agir na vida sem antes raciocinar, mesmo nas coisas mais insignificantes, nem tomar resoluções, por menores que sejam, sem submeter o assunto a análise do raciocínio.”
Diz mais:
“Ele assenta seus princípios não na 'fé', mas no raciocínio no entendimento racional da vida, procurando emancipar a criatura humana do fanatismo, preconceitos e superstições.”
Neste estudo iremos verificar a procedência das palavras de Paulo, quando afirma:
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (1 Coríntios 2:14)
Quando o homem natural usa o seu raciocínio para entender as coisas espirituais, estas lhe parecem loucura e então os absurdos surgem, como no seu ensino básico de “serem Força e Matéria os dois únicos princípios de que se compõe o Universo”.
Dois únicos princípios – afirmam - força e matéria (espírito e corpo), excluindo de suas cogitações a ideia aa existência de Deus como o Criador dessa força e matéria (Gênesis 1:1).
A propósito, diz o mesmo Paulo:
“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” (Romanos 1:22)
HISTÓRIA
Em 1910, Luiz José de Mattos e Luiz Alvez Thomaz (portugueses, comerciantes bem sucedidos e radicados em Santos), verificando ser mal compreendida e deturpada a doutrina Espírita praticada no Brasil, resolveram fundar um Centro para estudo e prática do Espiritismo, alugando para tal fim um sobrado à Rua Amador Bueno, 190, em Santos.
Assim, em 26 de janeiro de 1910, na referida casa, realizou-se a reunião para elaborar o Estatuto, eleger a diretoria e escolher o nome que deveriam dar ao Centro, que ficou sendo “Centro Espírita Amor e Caridade”.
Em virtude do crescimento da obra, Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz resolveram construir uma sede própria e, no dia 21 de junho de 1912, deu-se a inauguração.
A data de 21 de junho fora escolhida alegremente para a inauguração por ser o dia da desencarnação do Patrono, São Luiz Gonzaga.
Em 1916, todos os Centros praticantes da Doutrina Racionalista Cristã se filiaram ao Centro Redentor, do Rio de Janeiro, presidido por Luiz de Mattos.
A palavra “racional” foi introduzida em 3 de fevereiro de 1946, por obra de Antônio do Nascimento Cottas, levando à designação atual de Racionalismo Cristão.
Como afirmam, o berço do racionalismo cristão se deu na cidade de Santos.
Para esses espíritas racionalistas, Luiz de Mattos foi um profeta. Afirmam até que ele “foi maior que o próprio Cristo” e o “mestre dos mestres”.
(Crenças, Religiões, Igrejas e Seitas: Quem São?, pág. 117)
OBRAS BÁSICAS
Indicam, como obras básicas para todos aqueles que quiserem familiarizar-se com as doutrinas do RC, os livros:
- RACIONALISMO CRISTÃO *;
- PRÁTICA DO RACIONALISMO CRISTÃO;
- A VIDA FORA DA MATÉRIA;
- CARTAS DOUTRINÁRIAS; e
- ESCOLA ESPIRITUALIZADORA
RELIGIÃO SIM OU NÃO?
Seguindo a mesma linha de raciocínio do espiritismo Kardecista, o RC nega sua condição de religião ou seita religiosa:
“Por não ser religião, mas escola espiritualizadora, não possui esta doutrina deuses nem adoradores.”
Afirma ainda que não combatem as religiões, mas somente combatem os erros das religiões.
Para justificar sua condição de não ser uma religião, declaram:
“A Doutrina Racionalista Cristã, portanto, é apenas uma filosofia de cunho espiritualista, sem nenhuma conotação de caráter religioso, místico e sobrenatural. Nela não há lugar para mistérios, nem dogmas, nem milagres, pois tudo no universo, tudo na vida, tem explicação racional e científica.”
(O Que é o Racionalismo Cristão, folheto)
Para amenizar suas declarações atrevidas, entretanto, afirmam, no mesmo folheto, que o RC “ensina a respeitar todas as religiões, bem como a maneira de pensar dos semelhantes”.
Procuram porém alertar que ter qualquer sentimento religioso, não passa de tolice. Afirmam que o RC ajuda as pessoas “a se desfazer e libertar, à luz da razão, de seculares erros, preconceitos, crenças e crendices, fanatismos e sectarismos religiosos”.
CONCEITOS RELIGIOSOS
Embora oficialmente procurem demonstrar que o RC não é uma entidade religiosa, não deixam de emitir conceitos religiosos.
E, quando vamos considerar os conceitos religiosos dos espíritas racionalistas, não devemos estranhar suas declarações absurdas e até blasfemas, sabendo de quem parte esses ensinos. Os espíritas racionalistas explicam a origem dos seus ensinos.
ESPÍRITOS ENGANADORES
Falando sobre as dezessete classes de espíritos que fazem sua evolução aqui na terra, considerada por eles um “mundo escola”, dizem:
“Milhões de outros, de igual categoria, embora não encarnando, se dedicam - principalmente por intermédio das Casas Racionalistas Cristãs - a auxiliar astralmente o progresso dos seus semelhantes menos evoluídos, encarnados neste planeta.”
Se milhões desses espíritos se dedicam, por meio das casas racionalistas cristãs, a auxiliar astralmente o progresso de seus semelhantes… quem são eles e o que podemos esperar desses milhões de espíritos?
O que eles podem fazer em se tratando de quem são?
Os racionalistas cristãos não ignoram a natureza desses milhões de espíritos. Dizem deles:
“A perversidade com que podem agir os espíritos do astral inferior, é quase ilimitada.”
Informam mais sobre eles:
“Como os espíritos do astral inferior não ignoram que todos os seres possuem mediunidade intuitiva, dela se aproveitam para incutir no mental dos mesmos ideias absurdas e disparatadas.”
Ora, nós sabemos, à luz da Bíblia, que nossa luta espiritual não é contra o sangue e a carne, mas contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais:
“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12)
Na análise dos ensinos desse grupo religioso, verificaremos que se tratam de sutis ensinos de demônios apontados por Paulo:
“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.” (1 Timóteo 4:1)
Considerando que o RC se propõe a restabelecer “os magníficos ensinamentos de Jesus na Terra”, é lógico admitir que precisamos examinar onde se encontram esses “magníficos ensinamentos” para poder confrontá-los com os ensinamentos do RC, a fim de sabermos se realmente procede essa afirmação.
Para isso, nada melhor do que examinarmos a Bíblia, onde fidedignamente se acham os ensinamentos de Jesus! E, sem dúvida alguma, esses ensinamentos estão exarados nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
O próprio Jesus se referiu a esses ensinos dizendo:
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:31-32)
O RC ensina a remissão de pecados pela morte e ressurreição de Cristo na cruz?
Certamente que não! Esses ensinos bíblicos são ridicularizados.
Permanecer nos ensinos de Jesus, registrados na Bíblia, é conhecer a verdade que liberta.
Enquanto mencionam os magníficos ensinos de Jesus (que, como dissemos, se encontram na Bíblia, na parte denominada Novo Testamento) os racionalistas cristãos falam da Bíblia com desdém e escárnio, como se ela tivesse sido adulterada e não merecesse o menor crédito.
Que incoerência!
Falam dos magníficos ensinos de Jesus e, ao mesmo tempo, repelem o livro no qual esses ensinos se encontram.
Jesus ordenou que ensinássemos o que ele ensinou (Mateus 28:19-20).
O QUE ELES DIZEM SOBRE A BÍBLIA
“Na Bíblia, todos o sabem, foram alterados diversos textos originais, com o fim de favorecer a um vantajoso sistema capaz de propiciar fundos suficientes para o sustento da legião sacerdotal, mantenedora do sistema.”
Para “provar” a alteração de textos originais é citado o seguinte:
“Durante muitos séculos, as religiões propugnaram pela ignorância dos seres. Essa ignorância convinha aos interesses dos orientadores religiosos. Isto porque ricos e ignorantes sempre viveram às mil maravilhas com as seitas religiosas que introduziram na Bíblia este versículo repleto de malícia: ‘Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus’.”
Para justificar sua rejeição à Bíblia e como a mesma deve ser repelida alegam “textos originais” alterados… falando da Bíblia nos seguintes termos:
“Veja-se como esta revelação da vida (os ensinos racionais), transmitida ao conhecimento humano, é diferente da que as sectaristas apresentam, cheia de incoerências, absurdos e contradições, porque baseada nas sandices bíblicas…”
Quem diria!? O texto de Mateus 5:3 é espúrio!
Alguém já leu algo sobre tal passagem ser considerada como um texto espúrio? Qual o erudito em língua grega que apontou esse texto como espúrio? É realmente um “versículo repleto de malícia”?
Sem dúvida alguma, tal afirmação é própria de alguém que desconhece inteiramente sobre o que está falando: ser pobre de espírito significa ser cônscio de sua necessidade espiritual e não petulante como os espíritas racionalistas!
Enquanto afirmam que esse texto é espúrio, perguntam:
“Por que Jesus, o Cristo, ensinava: ‘Não as faças que as pagas?’”
Alguém que conheça a Bíblia já leu isso alguma vez, Jesus dizendo: “Não as faças que as pagas”?!?
Os racionalistas cristãos deviam, pelo menos, ler uma vez a Bíblia antes de começarem a falar dela, pois, da forma que demonstram, falam do que não entendem!
Deveriam, no mínimo, ser mais cristãos e menos racionalistas!
Que incoerências registra a Bíblia?
Quais são os absurdos e contradições?
Onde encontramos “sandices” na Bíblia?
Ao contrário dessas afirmações absurdas e não provadas, devemos ter em mente a seguinte recomendação:
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:12)
Vejam como Jesus se dirigiu aos seus contemporâneos:
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mateus 22:29)
Da mesma forma nós podemos afirmar aos racionalistas que eles falam da Bíblia sem conhece-la.
Se fossem apenas preceitos dos homens, os ensinos dos racionalistas ainda não seriam tão perniciosos, mas… podemos ir um pouco além e afirmar que se tratam de ensinos de demônios!
O QUE ELES DIZEM SOBRE DEUS
“Na Bíblia, no Velho Testamento - livro sagrado e intocável para tantos adoradores - existem várias referências ao deus de temperamento iracundo e vingativo da época. Esse vergonhoso sentimento, especialmente em um deus, nada mais é do que o reflexo do sentimento do próprio povo que o imaginou.”
Continuando suas afirmações arrogantes, atrevidas e blasfemas, entendem que manifestar crença na existência de um único Deus verdadeiro não passa de atraso espiritual:
“Os que hoje rendem culto a um deus abstrato, acharão - ao cabo de tantas encarnações quantas precisarem para atingir o necessário esclarecimento - tão tolo esse culto, quanto ridícula os civilizados entendem, agora, ser a ideia, que também já alimentaram, de adorar deuses representados por elementos da natureza ou animais inferiores.”
E, por fim, chegam ao cúmulo da blasfêmia em falar de Deus como “o hipotético deus-pai”…
“O Racionalismo Cristão substituiu a palavra ‘deus’ por termos mais condizentes e adequados à realidade, tais como ‘Força Universal’, ‘Força Criadora’ ou ‘Grande Foco’, do qual fazemos parte integrante como partículas em evolução, possuindo, em estado latente, todos os atributos, poderes e dons dessa Força, dessa Inteligência Universal.
O Grande Foco ou Força Universal ocupa todo o Espaço infinito, não existindo um só ponto no Universo que não acuse a sua presença vital, inteligente e criadora. Assim, o racionalismo Cristão, evidentemente, não admite a ideia de Deus como terceiro elemento no Universo, além de Força e Matéria.”
(O que é o Racionalismo Cristão, folheto)
O racionalismo considera um atraso intelectual a crença na existência de um Deus pessoal. Antes de escrever tais absurdos eles deveriam ler:
“Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Isaías 45:9)
Se crer num Deus pessoal é atraso intelectual, por que lemos o contrário na Bíblia: que o ateísmo, sim, é um atraso mental?! Vejam:
“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.” (Salmos 14:1)
Dizendo que “O Racionalismo Cristão… assenta seus princípios não na ‘fé’ mas no raciocínio”, se coloca ele totalmente contra o modo pelo qual podemos declarar nossa crença na existência de Deus:
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” (Hebreus 11:6)
Piores até do que os demônios, são os espíritas racionalistas e suas crenças, pois enquanto os demônios creem que Deus existe e estremecem na sua presença (Tiago 2:19), os adeptos desse grupo religioso zombam da crença na existência de um Deus pessoal e transcendente ao próprio universo criado por Ele.
Paulo não era assim tão atrasado intelectualmente e, no entanto, cria que Deus é o Criador do Universo e que dependemos dele até para a nossa respiração (confira Atos 17:24-31).
Os racionalistas cristãos chegaram muito tarde para fazer essa afirmação tão absurda acerca da inexistência de um Deus pessoal: existe uma crença universal na existência de Deus que não pode ser desprezada e Paulo se refere a ela em Romanos 1:19-21,28.
A personalidade de Deus é contrária ao panteísmo ensinado pelo espiritismo racionalista que fala de Deus como “o Grande Foco, Força Universal que ocupa o Espaço infinito”.
Esse conceito é também denominado monista panteísta e, ao contrário, Deus é um ser que revela autoconsciência:
“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” (Êxodo 3:14)
O QUE DIZEM SOBRE ORAR E ADORAR
“Almas libertas da escravidão sectárica, os estudiosos do Racionalismo Cristão aprenderam a confiar em si mesmos, na sua capacidade espiritual e no poder da vontade para lutar e vencer. Não são, por isso, adoradores, nem pedinchões, nem lamuriosos, nem farrapos mentais.”
Quanta altivez religiosa: um homem, adorador do Deus vivo e verdadeiro e tido na linguagem de Jesus como aquele a quem Deus procura para adorá-lo em espírito e em verdade, é considerado pelos racionalistas como um “farrapo mental”. Diz o profeta Jeremias:
“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR.” (Jeremias 17:5-7)
Não se pode negar que essa altivez religiosa dos espíritas é resultante do engano do seu coração:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)
Os racionalistas são, repetimos, mais racionalistas do que cristãos: que tipo de cristianismo é esse que ensina a não adorar e nem orar?!?
Jesus ensinou sobre a necessidade de orar, sempre orar e nunca desanimar (veja Lucas 18:1), com isso contou várias parábolas, destacando por fim:
“E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.” (Lucas 11:9-10)
O QUE ELES DIZEM SOBRE O PERDÃO
“Não existem perdões no plano espiritual nem deuses para perdoar.”
“Dentre os mais graves erros das religiões, ocupa lugar de destacado relevo o perdão para as faltas e, até mesmo, para os crimes cometidos por seus adeptos.”
“A mística do perdão para os crimes, falcatruas e prevaricações, não tem qualquer sentido na vida espiritual.”
(Racionalismo Cristão Responde, pág. 136)
Quem não conhece o episódio ocorrido entre o Senhor Jesus e a mulher pecadora?
“E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:10-12)
Como dizer que seguem os magníficos ensinos de Jesus e não ter lido na Bíblia sobre esse perdão tão magnânimo de Jesus ao dizer a mulher “nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais”…
Será que os espíritas racionalistas não leram as palavras da Oração ensinada pelo próprio Jesus Cristo ensina a pedir (conforme Mateus 6:12) “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”?
Será que o Racionalismo é mais racional do que cristão?
Parece que sim…
Estava Jesus errado, gravissimamente errado ao conceder perdão à mulher pecadora?
Estava errado quando ensinou a orarmos e pedirmos perdão a Deus? Grave erro cometido por Jesus?
E não foram essas as únicas ocasiões em que Jesus outorgou perdão a alguém: em outro episódio, sofreu até um protesto silencioso dos escribas e fariseus presentes, que julgaram, como os racionalistas, estar Jesus blasfemando ao declarar perdão a quem lhe procurara para apenas receber cura do corpo:
“E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados (….) Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), A ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.” (Marcos 2:5,10-11)
O QUE ELES DIZEM SOBRE A REENCARNAÇÃO
“Porque negar a reencarnação?”
“Por que as religiões ocidentais tanto se empenham, tanto se obstinam em negar a reencarnação? (…) A resposta é fácil: reencarnação e salvação são ideias que se atritam, que se agridem, que se chocam, porque antagônicas e irredutivelmente inconciliáveis. Ora, no conceito de salvação - intimamente ligado aos favores do perdão - está, precisamente, a base em que se apoiam essas religiões. (…) Quando o indivíduo se convencer de que se praticar o mal, terá, inapelavelmente, de resgatá-lo; que numa encarnação se prepara para a encarnação seguinte... que não poderá contar com o auxílio de ninguém para libertá-lo das consequências das faltas que cometer e que terá de resgatar com ações elevadas - qualquer que seja o número de encarnações para isso necessárias - por certo pensará mais detidamente, antes de praticar um ato indigno.”
“O espírito, quando encarna, isola-se do seu passado, esquecendo-se, por completo, das anteriores encarnações.”
Uma das assertivas da doutrina reencarnacionista é que, para haver justiça, deve o homem resgatar as suas próprias faltas da existência em que vive e das existências anteriores.
Ora, como isso pode dar-se se como ponto principal deve ele esquecer-se do seu passado, ou melhor dizendo, “das anteriores encarnações”?
Que tipo de melhora pode ele obter se todo o passado de erros está esquecido?
Em que ele falhou para melhorar nesta vida?
Quando Jesus perdoava os pecadores, eles sabiam do que estavam se arrependendo e consequentemente abandonando seus erros passados!
Paulo confessa seus erros do tempo da sua ignorância dizendo que tinha sido blasfemo, perseguidor e opressor, mas tinha alcançado misericórdia e afirmava então que não vivia mais para si, mas vivia para Cristo, chegando ao ponto de recomendar que o imitassem porque por sua vez imitava a Cristo (vide 1 Timóteo 1:13; Gálatas 2:20; 1 Coríntios 11:1).
Pedro, quando negou Jesus, chorou amargamente (Mateus 26:75).
Como podem melhorar os tidos como reencarnados se não têm a mínima lembrança dos feitos da vida anterior ou anteriores?
Melhorar no quê?
Arrepender-se dos pecados da vida atual ou dos pecados das vidas anteriores?
Quem rege a lei do carma para impor castigo ou recompensa se Deus não existe?
Quem determina o que está certo ou errado desta vida e das vidas anteriores?
Até que enfim descobriram que, na verdade, reencarnação e salvação não se conciliam: são conceitos que se atritam e que se agridem!
Concordamos plenamente com essa distinção entre reencarnação e salvação!
Porém devemos destacamos novamente a soberba espiritual dos espíritas racionalistas, que pensam em resgatar as próprias faltas!
Com que?
Com dinheiro ou com obras virtuosas e mais sofrimentos?
Se for com dinheiro é inútil, pois a riqueza de qualquer mortal acabaria antes, dado que o resgate de uma alma é caríssimo (veja Salmos 49:6-8).
Se for com obras meritórias, então o negócio complica ainda mais, porque nossas obras de justiça são como trapos de menstruação (Isaías 64:6)!
O conceito de reencarnação fala de salvação por esforços pessoais, tais como: arrependimento, boas obras e sofrimentos… é uma suposta salvação obtida pelo homem, se não numa encarnação, em várias encarnações.
Pensam ser isso possível para se atingir o estado de espírito puro.
Agora, salvação no conceito bíblico não é fruto de esforço próprio: é favor imerecido de Deus! (veja Efésios 2:8-10)
E por que?
Porque o homem é incapaz de, por esforços próprios, conseguir a sua salvação (Tito 2:11-13).
Jesus, explicando sua missão na terra, afirmou que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mateus 20:28).
Afirmou, em casa de Zaqueu, que veio buscar e salvar o que estava perdido (Lucas 19:10).
Ao instituir a Ceia e distribuir o cálice mencionou que o cálice era o seu sangue derramado para remissão de pecados (Mateus 26:26-28).
Toda a pessoa que recebe o perdão de Deus, pela sua fé na pessoa de Jesus Cristo, não continua no pecado. Os conselhos bíblicos nesse sentido são muito frequentes (2 Coríntios 5:17; Efésios 4:17-32; 5:3-16).
Ora, a Bíblia fala de regeneração, que é a mudança das disposições íntimas da alma dentro de uma só existência (João 3:3-5) e não de reencarnação.
Diz a Bíblia que o homem só passa por esta existência uma única vez e, depois disso, enfrentará o juízo (Hebreus 9:27; Eclesiastes 12:7)
O QUE ELES DIZEM SOBRE JESUS CRISTO
“Grandes espíritos, movidos por ideais reformadores, baixaram à Terra, encarnando, com enorme sacrifício, para ver se conseguiam a desbrutalização da mente humana que se deixara empolgar pelo sentimento do gozo e dos prazeres apenas materiais. Esses valorosos espíritos, porém, além de não haverem sido compreendidos, acabaram divinizados pela massa ignara, como aconteceu com Jesus, Buda, Confúcio e Maomé.”
“Negarem a Jesus o valor, o mérito de haver conquistado a sua evolução espiritual à custa de grandes lutas, de trabalhos, de sofrimentos, de desencarnações e reencarnações, atribuírem as qualidades, a nobreza, os altos atributos que possui esse grande espírito ao privilégio de uma suposta filiação divina, é erro grave que cometem, além de demonstração lamentável ignorância relativamente à vida espiritual.”
“No Brasil, e em muitos outros países, adora-se a Jesus. Não há entretanto, qualquer diferença, entre tais adoradores e os outros que se voltam para Buda, Confúcio e Maomé.”
“Nenhum adorador é capaz de dissociar a ideia de adorar, da de pedir. A razão é óbvia: adorar e pedir são duas muletas iguais, para uma só invalidez mental.”
O que de cristão existe no racionalismo?
Sem dúvida, de cristão só tem o nome, pois não é possível, à luz da Bíblia, igualar fundadores de religiões como o budismo (Buda), o confucionismo (Confúcio) e o islamismo (Maomé) com a pessoa augusta e divina de Jesus Cristo!
O evangelho de João começa com estas palavras:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (…) E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João 1: 1, 14)
É ignorância, segundo os espíritas racionalistas, admitir que Jesus tinha filiação divina.
No entanto, por duas vezes, o próprio Pai, do céu, proferiu palavras de reconhecimento de Jesus como Seu Filho, sendo a primeira no batismo de Jesus:
“E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mateus 3:17)
A segunda ocorreu no Monte da Transfiguração, quando repetiu as mesmas palavras (Mateus 17:5).
Como ousam os racionalistas afirmar que crer na filiação divina de Jesus não passa de “demonstração de lamentável ignorância espiritual”?
Termina João o seu evangelho e dá a razão de tê-lo escrito:
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20:30-31)
Isso é ignorância?
Como vemos, Jesus não era simplesmente um grande espírito que baixou à Terra. Ele existia na condição de Deus (Filipenses 2:6) e se humilhou, tomando a forma de servo. E, encontrando-se na forma de servo, foi até à morte (…e morte de cruz, conforme Filipenses 2:7-8!) para salvar a humanidade através de seu sacrifício (Mateus 20:28).
Suas reivindicações o tornaram distinto de todos os demais reformadores religiosos:
- Declarou ser o caminho, a verdade e a vida, fora de quem ninguém entrará no céu (João 14:6);
- Durante sua vida terrena recebeu adoração de certas pessoas na condição de Deus-homem e não como homem simplesmente (João 20:28), inclusive dos seus discípulos, sem que em qualquer ocasião os tivesse repreendido por tal atitude (Mateus 14:33, 28:9-17; João 9:35-38).
Como, racionalmente, alguém pode dizer que “adorar” e “pedir” “são duas muletas iguais para uma só invalidez mental”?
Adorar e orar são duas práticas que todos os seres humanos deveriam prestar a Jesus Cristo (Filipenses 2:9-11).
Uns hoje o fazem voluntariamente, outros, como os racionalistas, um dia terão que prostrar-se aos pés de Jesus para isso fazer, embora hoje entendam tais práticas como sendo “muletas por causa de invalidez mental” de quem assim o faz…
O QUE ELES DIZEM SOBRE MILAGRES
“Os deuses mitológicos, também fizeram milagres, na imaginação fantasista dos adoradores, e daí a autoridade e o prestígio que tiveram junto aos seus fiéis.”
“Não há diferença sensível, por isso, entre os deuses milagreiros da mitologia, e os não menos milagreiros das variadas religiões atuais.”
Admitir a existência de instituições religiosas falsas que fabricam milagres através de vários médiuns, que, a um só tempo, encarnam o Dr. Fritz fazendo curas espirituais e iludindo os incautos, isso é bem notório entre os brasileiros.
Não negamos que isso realmente dá muito prestígio aos espíritas, notadamente em Uberaba, onde Chico Xavier teve uma grande clientela que ia receber suas mensagens psicografadas como se fossem de parentes mortos. Isso sim é um milagre falso!
Isso, repetimos, não passa de imaginação fantasiosa dos adeptos do espiritismo Kardecista!
Paralelamente também se ouve falar muito dos milagres dos orixás dos cultos afro-brasileiros nos centros de terreiro.
Como exemplo de um culto sincretista é a entidade mitológica conhecida como Iemanjá, dos cultos de Umbanda, que rivaliza, no culto católico, com a Virgem Maria.
Isso, não negamos, traz um prestígio enorme aos pais e mães de santo espalhados por todo esse Brasil!
Concordamos plenamente com essa crítica racionalista, mas admitir que só existam falsos milagres e não existam verdadeiros? Com tal assertiva não concordamos.
Jesus, durante o seu ministério, realizou curas milagrosas em coxos, cegos, mancos, leprosos (Mateus 11:3-6)… e até ressuscitou mortos como, por exemplo, a filha de Jairo (Lucas 8:41-56), o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-17) e Lázaro, sepultado há quatro dias (João 11:40-45).
Não podemos nos esquecer que Jesus é eterno, sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente (conforme Hebreus 13:8), podendo, pois, realizar através dos seus mensageiros, milagres iguais (Marcos 16:17; 1 Coríntios 12:7-11).
O QUE ELES DIZEM SOBRE CÉU E INFERNO
“Se as organizações religiosas revelassem a verdade aos seus adeptos, no tocante à fantasia dos perdões, da salvação eterna, da mansão celeste, do divino pai, do inferno, do diabo... e de tantas outras invencionices, nenhuma delas se manteria de pé.”
“Inúmeros daqueles que iludiram o semelhante com promessas do céu e ameaças do inferno, ali também se acham presentes. É o paraíso de todos os materialões e gozadores.”
Repetimos a pergunta: o que de cristão existe nesse tipo de espiritismo muito mal denominado de cristão?
Deveriam sim, seus adeptos, antes de se desligarem do espiritismo Kardecista, tomar uma nova posição religiosa e não repetir os absurdos de Allan Kardec com o título pomposo de Racionalismo e de Cristão, porque esse tipo de espiritismo não é nem uma coisa e muito menos outra!
Deveriam mudar de nome: não é possível adotar o nome de cristão e ser tão antagonicamente anticristão!
Tudo o que Jesus Cristo ensinou e que se acha exarado na Bíblia, é tido como fantasia… como resultado de deboche religioso de Jesus.
Jesus falou do perdão?
Sim: ensinou na oração dominical a pedirmos perdão por nossas dívidas ao Pai celestial (Mateus 6:9-10)
Jesus falou da salvação eterna?
Sim: em João 5:24 ele declarou que quem ouve sua palavra e crê naquele que o enviou tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.
Jesus falou do céu como lugar de felicidade eterna?
Sim: disse que na casa do seu Pai há muitos lugares e avisou que ele mesmo é o caminho para lá! (João 14:2-3)
Jesus falou do seu Pai celestial?
Sim: logo na sua adolescência já se encontrava consciente da existência do seu Pai celestial, respondendo a Maria, sua mãe, que estava cuidando dos negócios dele (Lucas 2:49)
Jesus fez ameaças sobre o inferno?
Sim: disse que era melhor entrar na vida aleijado do que ter corpo perfeito e ir para o inferno, onde o seu bicho não morre e o fogo nunca se apaga (Marcos 9:43-45).
Jesus falou do diabo?
Sim: falou do diabo como o pai da mentira (João 8:44).
Sem dúvida nenhuma, o diabo é que tem colocado esses ensinos na cachola dos racionalistas cristãos, que falam inspirados por ele, pois todas as suas afirmações são de origem diabólica.
Tudo isso seria “invencionice” de Jesus?
Que atrevimento esse o dos racionalistas!
E depois falam de “materialões e gozadores”… Seria Jesus um deles?
Como dizer-se cristão e negar os ensinos de Jesus?
Cristão é apenas aquele que segue Cristo (Atos 11:26) e podemos afirmar que os racionalistas cristãos não são nem uma coisa nem outra: não passam de espíritas repetindo as heresias bem conhecidas de Allan Kardec!
CONCLUSÃO
Diante do exposto, fica patente que o Racionalismo Cristão não é nem uma coisa nem outra, ou seja, não tem nada de racional e muito menos de cristão!
Ser cristão e afirmar que Jesus é igual a Buda, Maomé, Confúcio?
Ser cristão é revelar completa ignorância acerca de quem é Jesus Cristo na declaração de Pedro:
“E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mateus 16:16)
A pergunta que perdura é: racionalismo ou OBSCURANTISMO?
Autor: João Flávio Martinez, para Revista "Defesa da Fé" / CACP
Adaptação e revisão: Teóphilo Noturno
Adaptação e revisão: Teóphilo Noturno
* Nota do revisor: Todas as citações cuja referência não é explícita foram extraídas dessa obra, cujo título original, “Espiritismo Racional e Scientifico (christão)” foi conservado até 1940.
Devido às várias diferenças encontradas entre suas diversas reedições, torna-se impossível indicar com exatidão as páginas das referências apresentadas.